Topo

Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

7 mulheres que mudaram (ou estão mudando) o futebol mundial

Brasileira Marta é a maior vencedora da história dos prêmios de melhor do mundo - Assessoria / CBF
Brasileira Marta é a maior vencedora da história dos prêmios de melhor do mundo Imagem: Assessoria / CBF

Colunista do UOL

08/03/2023 04h20

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

"Futebol não é coisa para mulher". Até pouco tempo atrás, frases como essa eram ditas sem nenhum sinal de constrangimento por boa parte dos amantes do esporte mais popular do planeta.

O preconceito contra a atuação feminina nas mais diferentes funções da modalidade ainda existe, é claro, mas vem sendo derrubado dia após dia por jogadoras, técnicas, árbitras, jornalistas e inúmeras outras profissionais que não aceitaram ouvir esse "não" automático.

Por isso, no Dia Internacional da Mulher, o "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo sete mulheres que mudaram (ou que ainda estão mudando) o futebol mundial.... e para muito melhor.

MARTA

Os apelidos de "Rainha" e "Pelé de saias" já resumem bem a importância histórica da alagoana de Dois Riachos. Marta é simplesmente a maior vencedora dos prêmios de melhor jogadora do mundo distribuídos anualmente pela Fifa e levantou seis troféus (cinco deles, de forma consecutiva, entre 2006 e 2010). A atacante veste a camisa da seleção brasileira há mais de duas décadas (desde 2002), já disputou cinco edições dos Jogos Olímpicos e está prestes a jogar a Copa do Mundo pela sexta vez. Aos 37 anos, a jogadora do Orlando Pride (EUA) já não tem mais frequentado as principais premiações da modalidade e é cada vez menos decisiva. Mesmo assim, goza de um respeito enorme das novas gerações de jogadoras, muitas delas que decidiram tentar a sorte nos gramados justamente por tê-la como grande ídolo.

MARINA GRANOVSKAIA

Marina Granovskaia é quem realmente manda no dia a dia do Chelsea - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Durante quase 20 anos, essa administradora russa foi conhecida como a "mulher mais poderosa do futebol mundial". Também pudera: Granovskaia era o braço direito de Roman Abramovich no comando do Chelsea. E como o dono do clube nunca foi uma figura tão presente assim no dia a dia em Stamford Bridge, cabia a ela contratar jogadores, negociar renovações de contrato e resolver todos os problemas que naturalmente surgem em um dos elencos mais estrelados do planeta. Granovskaia chegou ao Chelsea junto com o patrão, em 2003, e foi embora no ano passado, quando ele foi obrigado pelo governo britânico a vender o clube. No total, ela gastou mais de 1,3 bilhão de euros (R$ 7,1 bilhões) em jogadores e montou dois times vencedores da versão masculina da Liga dos Campeões da Europa.

MIA HAMM

Mia Hamm (Estados Unidos) - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Antes de Marta, houve Mia Hamm. A norte-americana foi a primeira jogadora de futebol cujo nome ganhou proporções globais e virou sinônimo de craque até para quem não acompanhava a modalidade tão de perto assim. Aos 19 anos, a meia-atacante foi a atleta mais jovem a participar da primeira edição da Copa do Mundo organizada pela Fifa, lá em 1991. E, logo de cara, já se sagrou campeã. Títulos, aliás, não faltam na carreira da jogadora, que ganhou dois Mundiais e duas medalhas olímpicas de ouro. Mesmo depois da aposentadoria, em 2004, Hamm continua como figura ativa no mundo do futebol. Ela é uma das donas do Los Angeles FC, atual campeão da MLS (Major League Soccer), faz parte do conselho administrativo da Roma e tem contrato de embaixadora global do Barcelona.

STÉPHANIE FRAPPART

Árbitra Stephanie Frappart segura a bola durante Costa Rica x Alemanha, jogo da Copa do Mundo - Mustafa Yalcin/Anadolu Agency via Getty Images - Mustafa Yalcin/Anadolu Agency via Getty Images
Imagem: Mustafa Yalcin/Anadolu Agency via Getty Images

Árbitra de futebol desde que era adolescente (começou a receber para apitar jogos quando tinha 18 anos), a francesa poderia ter a palavra "pioneira" como um dos seus sobrenomes. No dia 1º de dezembro do ano passado, Frappart dirigiu o confronto entre Alemanha e Costa Rica e se tornou a primeira mulher a trabalhar como árbitra principal em uma partida da Copa do Mundo masculina. Ela também já havia sido a primeira apitadora feminina a comandar jogos de um dos principais campeonatos nacionais do planeta (a Ligue 1 francesa, no caso, em 2019), da Liga dos Campeões da Europa (2020) e a decisão de um torneio importante de homens (Copa da França, no ano passado).

ADA HEGERBERG

Ada Hegerberg Lyon Barcelona Liga dos Campeões - Bernadett Szabo/Reuters - Bernadett Szabo/Reuters
Imagem: Bernadett Szabo/Reuters

Maior artilheira da história da Champions feminina (59 gols) e vencedora da primeira edição da Bola de Ouro entregue a mulheres (em 2018), a atacante do Lyon se transformou em símbolo da luta por equiparação salarial nos gramados. Em 2017, ela anunciou que não jogaria mais pela Noruega enquanto a federação nacional não melhorasse as condições dadas à seleção feminina. Entre as reinvindicações de Hegerberg estava que as jogadoras passassem a receber da entidade diárias no mesmo valor pago aos integrantes da equipe masculina. E o tempo mostrou que a greve da atacante não tinha nada de blefe. A estrela do Lyon se recusou a disputar a Copa-2019 e só voltou a vestir a camisa do seu país em março de 2022, após cinco anos de afastamento.

RAFAELA PIMENTA

Rafaela Pimenta é empresária de Haaland, do Manchester City - Divulgação/Manchester City - Divulgação/Manchester City
Imagem: Divulgação/Manchester City

O que Erling Haaland, Paul Pogba, Matthijs de Ligt, Zlatan Ibrahimovic e Marco Verratti têm em comum? Todos eles têm a carreira gerenciada por uma advogada brasileira. Ex-sócia de Mino Raiola em sua agência global de representação de jogadores, Rafaela Pimenta virou a número um da empresa depois da morte do antigo chefe, em abril passado. Com isso, acabou se transformando na primeira mulher a receber o título de "superagente" no futebol mundial. E, logo em seu primeiro ano de atuação como protagonista, Pimenta já ganhou os dois prêmios de maior prestígio da área: o Golden Boy, de melhor agente de jogadores europeus, e o Globe Soccer Awards, pelo papel desempenhado na transferência de Haaland do Borussia Dortmund para o Manchester City.

MEGAN RAPINOE

rapinoe-getty - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Não é de hoje que o futebol feminino é uma plataforma de resistência contra o machismo e luta por uma sociedade mais igualitária. Mas, com Rapinoe, a modalidade alcançou um outro nível de militância. Grande nome da Copa-2019 e eleita a melhor jogadora do mundo daquele ano, a norte-americana é defensora ferrenha das pautas do feminismo e do orgulho LGBTQIA+ e utilizou o sucesso obtido nos gramados para fazer oposição ferrenha ao governo do ex-presidente Donald Trump. Além disso, ao lado da sua companheira, a estrela de basquete Sue Bird, Rapinoe faz parte de um dos casais mais shippados e poderosos do esporte norte-americano.