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Rafael Reis

REPORTAGEM

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VP fracassou com projeto milionário e sepultou time tradicional da Alemanha

Hoje no Flamengo, Vítor Pereira foi rebaixado para 3ª divisão na Alemanha - Reprodução
Hoje no Flamengo, Vítor Pereira foi rebaixado para 3ª divisão na Alemanha Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

11/03/2023 04h00

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Pressionado no Flamengo depois de não conseguir nenhum dos quatro primeiros troféus que disputou em 2023, Vítor Pereira conhece bem a sensação de como é decepcionar uma torcida ansiosa por grandes feitos.

Seis anos atrás, o treinador português viveu essa mesma experiência na Alemanha. E acabou entregando aquele que é o pior trabalho de toda a sua carreira.

Em janeiro de 2017, o ex-comandante de Porto, Olympiacos e Fenerbahce foi contratado para dirigir o 1860 Munique, clube dos mais tradicionais do futebol alemão (foi campeão da Bundesliga na temporada 1965/66 e é o rival de cidade do Bayern), mas que amargava a tristeza de disputar a segunda divisão.

Na época, a diretoria alvinegra tinha colocado em prática um projeto ambicioso e milionário para tentar devolver o clube à elite. Foram gastos quase 10 milhões de euros (R$ 55,5 milhões), uma enormidade para os padrões da 2.Bundesliga, a fim de montar um elenco digno de acesso.

Quando Pereira chegou, no meio da temporada, o time que contava com nomes como o brasileiro Ribamar (ex-Botafogo), o veterano croata Ivica Olic (ex-Bayern) e goleiro Stefan Ortega (hoje no Manchester City) já não vinha rendendo como esperado e ocupava somente a 14ª colocação.

Ou seja, a contratação do português foi uma espécie de última cartada do 1860 Munique para tentar colocar a casa em ordem e descolar uma arrancada no segundo turno rumo à promoção à elite.

Mas não foi bem isso que aconteceu. Muito pelo contrário. Sob comando do hoje treinador do Flamengo, a equipe alemã não conseguiu emendar mais que duas vitórias e jamais sequer chegou à metade de cima da tabela de classificação.

Para piorar, já na reta final da temporada, entrou em uma sequência de resultados catastróficos (venceu uma partida e perdeu cinco nas últimas oito rodadas) e acabou rebaixada para a terceirona.

A queda acabou sendo um baque esportivo e financeiro gigantesco para o 1860 Munique, que até hoje não conseguiu retornar para a segunda divisão. Na temporada passada, o time bateu na trave e foi quarto colocado na "Série C". Na atual, nem isso: ocupa apenas o oitavo lugar e está bem distante da zona de acesso.

Já o treinador português, cujo aproveitamento na Alemanha ficou na casa de 35% dos pontos disputados, foi refazer sua carreira no Oriente e passou três anos no comando do Shanghai SIPG. Na sequência, ficou durante um semestre no Fenerbahce, da Turquia, e, depois, aceitou convite para trabalhar no Brasil.

Após uma primeira temporada no futebol pentacampeão mundial à frente do Corinthians, Vítor Pereira já desembarcou no Flamengo em meio a um ambiente de pressão e tensão. Afinal, sua contratação para a vaga de Dorival Júnior, demitido mesmo após a conquista dos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, nunca foi devidamente explicada pela diretoria.

A situação foi piorando consideravelmente a cada novo resultado negativo colhido dentro de campo. Primeiro, o time perdeu a Supercopa do Brasil para o Palmeiras. Depois, foi eliminado ainda nas semifinais do Mundial de Clubes e nem conseguiu chegar no aguardado duelo com o Real Madrid. Quando voltou para casa, sucumbiu frente ao Independiente del Valle na Recopa Sul-Americana.

O baque mais recente aconteceu no Estadual do Rio. O Fla liderava a classificação geral do torneio até sair derrotado de dois clássicos na sequência (contra Vasco e Fluminense), ser ultrapassado por ambos e ficar sem o troféu da Taça Guanabara, entregue à equipe de melhor campanha da fase classificatória.

Nas semifinais da competição carioca, a equipe dirigida por VP reencontrará mais uma vez o Vasco. O primeiro jogo será disputado nesta segunda-feira e o segundo está previsto para o fim da próxima semana. A outra vaga na decisão sairá do confronto entre Flu e Volta Redonda.