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Racismo? Estudo mostra que, na Itália, negros recebem até 16% mais cartões
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Um estudo conduzido por cientistas sociais das Universidades de Toronto (CAN) e Washington (EUA) concluiu que, pelo menos na primeira divisão do Campeonato Italiano, jogadores negros são punidos com mais rigor pela arbitragem do que atletas brancos.
Os pesquisadores Beatrice Magistro e Morgan Wack analisaram 8 mil partidas do Calcio disputadas entre as temporadas 2009/10 e 2020/21 para identificar essa distinção nos critérios do apito dependendo do tom da pele do infrator.
De acordo com o estudo, os jogadores pretos (independentemente da nacionalidade e da posição que ocupam em campo) são 11% mais propensos a receber cartão amarelo e correm 16% mais risco de serem expulsos.
Para chegar a esses números, os pesquisadores compararam o número médio de faltas cometidas por cada jogador que passou pelos gramados do Italiano ao longo dessas 12 temporadas até receber algum tipo de punição disciplinar pela arbitragem.
O estudo também demonstrou que, além da menor economia na distribuição de cartões, os juízes têm como hábito apitar até 20% mais de faltas quando elas são cometidas por atletas pretos.
Outra conclusão dos pesquisadores é que o nível de rigor dos árbitros contra as ações disciplinares cometidas pelos atletas (faltas, advertências e expulsões) é proporcional ao tom de pele dos infratores. Ou seja, quanto mais escuro é o jogador, maior a chance de ele ser punido.
Para isso, Magistro e Wack dividiram todos os atletas que passaram pela Série A italiana no período em 20 grupos baseados nos seus tons de pele (as mesmas existentes no game "Football Manager"). Os números apontados no terceiro e no quinto parágrafo da matéria dizem respeito à diferença notada entre os resultados dos jogadores qualificados como "mais claros" e "mais escuros", que é a mais expressiva.
Apesar de a pesquisa ter se encerrado dois anos atrás, é perceptível que nada mudou desde então. Na atual temporada do Calcio, apenas um dos cinco jogadores que mais foram punidos com o cartão (o grego Dimitrios Nikolaou, do Spezia) talvez possa ser classificado como branco. O zagueiro brasileiro Rodrigo Becão, da Udinese, com oito cartões amarelos, faz parte do time dos atletas mais indisciplinados.
O estudo dos cientistas sociais obteve resultados semelhantes com outras pesquisas do gênero realizadas nos anos 2010 no basquete norte-americano (tanto na NBA quanto nas ligas universitárias). Todas elas demonstraram que negros e pretos recebem sanções mais pesadas da arbitragem.
A ideia de Magistro e Wack é estender agora essa pesquisa para outras ligas da elite do futebol europeu, como a Premier League inglesa e a La Liga espanhola (onde o brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, tem sido alvo de seguidas manifestações racistas por parte de torcedores).
Os resultados expostos pela dupla de pesquisadores levantaram a bola para a possível existência de comportamentos racistas no alto escalão da arbitragem da Itália. Na primeira divisão do Calcio, não existe sequer um árbitro negro em atuação.
O futebol tetracampeão mundial já foi assolado por inúmeros casos de discriminação racial, sempre contra atletas pretos. Em 2017, o meia ganês Sulley Muntari, do Pescara, abandonou o campo após cantos racistas da torcida do Cagliari dirigidos a ele.
Quatro anos antes, o time inteiro do Milan resolveu fazer o mesmo durante um amistoso de pré-temporada. Em solidariedade ao meia-atacante Kevin-Prince Boateng, também de Gana, os jogadores do tradicional clube rubro-negro se recusaram a dar continuidade à partida contra o Pro Patria.
A edição 2022/23 do Italiano é liderada pelo Napoli, que foi campeão nacional pela última vez em 1990 e busca o término de um jejum que já dura três décadas. A equipe azul celeste entrou na rodada deste fim de semana, a 26ª, com 15 pontos de vantagem para a Inter de Milão, segunda colocada.
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