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Tolerância (quase) zero: como europeus lidam com acusados de crimes sexuais
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Apesar de ter sido condenado na Suíça por ato sexual com uma menor de 13 anos, há mais de três décadas, Cuca construiu normalmente uma longa carreira no futebol brasileiro, primeiro como jogador, e depois como técnico.
Mas, enquanto o Corinthians (e tantos outros clubes brasileiros onde Cuca já trabalhou) não viu nenhum problema em contratar um condenado a prisão por estupro, os clubes do primeiro escalão da Europa têm adotado uma linha de tolerância (quase) zero com acusados de terem praticado algum tipo de crime sexual.
A rigidez é tanta que, em algumas situações, nem mesmo o arquivamento da denúncia pela Justiça é suficiente para assegurar a retomada imediata da carreira pelo acusado.
É exatamente isso o que aconteceu com o atacante inglês Mason Greenwood, uma das maiores promessas que saíram das categorias de base do Manchester United nos últimos tempos.
Hoje com 21 anos, o jovem foi preso em janeiro de 2022 (e imediatamente afastado do elenco do clube inglês) por supostamente ter praticado violência sexual e tentativa de estupro contra sua ex-namorada.
Dois meses atrás, a Justiça inglesa anunciou que todas as queixas contra Greenwood foram retiradas e que não há mais nenhum processo criminal contra ele. Mesmo assim, o atacante não foi reintegrado.
O United decidiu que só tomará uma decisão a respeito do futuro do jogador depois do encerramento das investigações que o próprio clube tem feito sobre o caso. Pelo menos até o fim desta temporada, o inglês não será utilizado.
O outro grande clube de Manchester também tem de lidar há anos com um grande caso de crime sexual no seu elenco. E, assim como o United, o City afastou o jogador acusado assim que tomou conhecimento do início das investigações.
O lateral esquerdo francês Benjamin Mendy está sem jogar desde agosto de 2021 em virtude de nove acusações de estupro e uma de violência sexual feitas por diferentes mulheres em um período de três anos.
No começo do ano, o defensor foi considerado inocente em sete de processos, o que não mudou em nada sua situação no time dirigido por Pep Guardiola. O jogador ainda aguarda o julgamento das duas últimas denúncias.
Outro caso que se tornou bastante famoso na elite inglesa foi o do meia islandês Gylfi Sigurdsson. Acusado de ter tido relações sexuais com menores de idade, ele ficou um ano preso e não teve contrato renovado com o Everton, equipe na qual era capitão.
Já para o meia Adam Johnson, essa foi uma missão impossível. Em 2016, o ex-jogador do Manchester City e da seleção inglesa foi condenado a seis anos de prisão por ter tido relações sexuais com uma garota de 15 anos, o que é crime no Reino Unido, mesmo se o ato tiver sido consentido.
Desde que entrou em liberdade condicional, o meia tem procurado uma equipe para retomar a carreira. Mas, até hoje não conseguiu absolutamente nada... só uma nota oficial do Bangor City, da segunda divisão de Gales, negando interesse em contratá-lo.
Mas é claro que esse rigor todo com as acusações de crimes sexuais não é unanimidade na Europa. Há algumas exceções de "maior tolerância". E o caso mais conhecido vem do Paris Saint-Germain.
No começo do mês passado, o lateral direito Achraf Hakimi foi indiciado pela polícia francesa por supostamente ter cometido estupro contra uma mulher de 23 anos que conheceu pelas redes sociais.
Como o jogador não teve a prisão preventiva decretada, o PSG considerou que não era caso para afastá-lo e continua o escalando normalmente. A seleção marroquina tampouco impôs alguma restrição à sua convocação, e ele foi utilizado no amistoso contra o Brasil, também em março.
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