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Falência, Série C, morte de ídolo: como foram os 33 anos de jejum do Napoli
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Trinta e três anos depois do seu mais recente título italiano, o Napoli pode se consagrar neste fim de semana como o melhor time do Calcio pela terceira vez em sua história.
Líder disparada da Serie A, com 17 pontos de vantagem para a segunda colocada, a equipe dirigida por Luciano Spalletti levantará o troféu amanhã, com seis rodadas de antecipação, caso derrote a Salernitana e a Lazio, única adversária ainda capaz de alcançá-la, não consiga derrotar a Inter de Milão.
A conquista marcará também o fim de uma longa trajetória de pouco mais de três décadas que é digna dos mais premiados roteiros de cinema e foi marcada por um processo de falência, reconstrução, rebaixamento para a terceira divisão e a traumática morte do seu maior ídolo.
Tradicionalmente, o Napoli não é uma das grandes potências do futebol italiano. No entanto, no final da década de 1980, o clube conseguiu montar uma das equipes mais fortes do planeta, capaz até de rivalizar com o todo-poderoso Milan, e viveu seus anos dourados.
Graças ao talento de Diego Maradona, cercado por coadjuvantes do nível de Careca, Alemão, Ciro Ferrara, o time do uniforme azul celeste conquistou seus dois primeiros títulos da Serie A (1986/87 e 1989/90) e faturou o troféu mais valioso da sua história, a Copa da Uefa (atual Liga Europa) da temporada 1988/89.
Mas depois que Maradona caiu pela primeira em um exame antidoping, em 1991, o clube entrou em um acelerado processo de decadência.
Durante a primeira metade da década de 1990, ainda conseguiu permanecer na metade de cima da classificação do Italiano. Em 1997/98, já distante dessa briga, conheceu o amargo sabor do rebaixamento.
A situação, que já era triste, ficou bem pior alguns anos mais tarde. Atolado em dívidas na casa de 70 milhões de euros (R$ 385 milhões, na cotação atual), o Napoli não conseguiu a licença necessária para jogar a Série B em 2004/05 e entrou em processo de falência.
Quem salvou a casa foi o produtor de cinema Aurelio de Laurentiis, que comprou o espólio do clube, refundou-o com um novo nome (Napoli Soccer, no lugar do tradicional Società Sportiva Calcio Napoli, recuperado mais tarde) e encarou a dureza de recomeçar na Série C, então o último escalão do futebol profissional na Itália.
Só que a experiência na terceira divisão durou pouco. Levando públicos superiores a 50 mil torcedores ao San Paolo, o Napoli bateu na trave no primeiro ano e conseguiu o acesso já na segunda temporada. Na Série B, a passagem foi mais rápida ainda. Logo na estreia, foi vice-campeão (ficou atrás da Juventus) e celebrou o retorno à elite.
E, depois que voltou à primeira divisão, o clube nunca mais aceitou ser coadjuvante. Das 16 temporadas desde então, só terminou na metade de baixo da tabela uma única vez (2008/09) e conquistou quatro vice-campeonatos.
Nomes como Edinson Cavani, Marek Hamsik, Ezequiel Lavezzi, Dries Mertens, Kalidou Koulibaly e Lorenzo Insigne se transformaram em ídolos no sul da Itália e foram transformados em candidatos ao posto de segundo maior jogador do Napoli.
O primeiro foi embora antes do processo de reconstrução do clube alcançar seu degrau mais alto. Maradona morreu em 2020, aos 60 anos, e, entre as inúmeras homenagens que recebeu, viu o estádio onde tantas vezes brilhou ser rebatizado com seu nome.
E é justamente no estádio Diego Armando Maradona que Khvicha Kvaratshkhelia e Victor Osimhen, os craques da vez do Napoli, pretendem escrever o final feliz dessa história que poderia (ou será que poderá, não é mesmo, De Laurentiis?) tranquilamente ir para as telas de cinema.
O jejum do Napoli (ano a ano)
1990/91 - 8º colocado no Italiano
1991/92 - 4º colocado no Italiano
1992/93 - 11º colocado no Italiano
1993/94 - 6º colocado no Italiano
1994/95 - 7º colocado no Italiano
1995/96 - 12º colocado no Italiano
1996/97 - 13º colocado no Italiano
1997/98 - 18º colocado no Italiano
1998/99 - 9º colocado na 2ª divisão do Italiano
1999/2000 - 4º colocado na 2ª divisão do Italiano
2000/01 - 17º colocado no Italiano
2001/02 - 5º colocado na 2ª divisão do Italiano
2002/03 - 16º colocado na 2ª divisão do Italiano
2003/04 - 14º colocado na 2ª divisão do Italiano
2004/05 - 6º colocado na 3ª divisão do Italiano
2005/06 - Campeão da 3ª divisão do Italiano
2006/07 - Vice-campeão da 2ª divisão do Italiano
2007/08 - 8º colocado no Italiano
2008/09 - 12º colocado no Italiano
2009/10 - 6º colocado no Italiano
2010/11 - 3º colocado no Italiano
2011/12 - 5º colocado no Italiano
2012/13 - Vice-campeão do Italiano
2013/14 - 3º colocado no Italiano
2014/15 - 5º colocado no Italiano
2015/16 - Vice-campeão do Italiano
2016/17 - 3º colocado no Italiano
2017/18 - Vice-campeão do Italiano
2018/19 - Vice-campeão do Italiano
2019/20 - 7º colocado do Italiano
2020/21 - 5º colocado do Italiano
2021/22 - 3º colocado do Italiano
2022/23 - Líder do Italiano
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