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Emirados x China: como final da Champions virou um 'brinquedo' de asiáticos
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A Liga dos Campeões da Europa é o torneio que reúne anualmente os melhores clubes de futebol do Velho Continente. Mas, nesta temporada, ele será decidido por dois times que até podem ser considerados "asiáticos".
Tanto o Manchester City quanto a Inter de Milão, que se enfrentam às 16h (de Brasília), em Istambul (Turquia), estão sediados em países europeus e sempre jogaram por lá. No entanto, quem paga suas contas são empresários e fundos de investimento importados do continente vizinho.
Os citizens ingleses pertencem à família que comanda Abu Dhabi, o maior dos Emirados Árabes Unidos. Já os nerazzurri italianos estão sob controle de um magnata chinês do ramo varejista.
A situação é inédita. Em 68 anos de história, a Champions nunca foi vencida por um clube de capital asiático. Os únicos "estrangeiros" que levantaram a taça foram Manchester United (2008) e Liverpool (2019), ambos sob administração norte-americana.
O xeique que mudou a história do City
O City foi a primeira incursão no futebol de fora dos Emirados Árabes feita pelo xeique Mansour bin Zayed Al Nahyan, integrante da família real de Abu Dhabi e número dois na hierarquia de comando do país.
O monarca comprou o clube inglês, que só tinha dois títulos nacionais ao longo da história e jamais havia se firmado como uma potência dentro do Reino Unido, em 2008. Quinze anos e 2,31 bilhões de euros (R$ 12,1 bilhões) investidos apenas na contratação de novos jogadores depois, a parceria já rendeu 18 troféus, sete deles da Premier League.
O projeto do xeique deu tão certo que rompeu as fronteiras da Inglaterra e se espalhou pelo mundo. Hoje, o Manchester City é o carro-chefe de uma holding que controla 12 clubes diferentes em quatro dos cinco continentes habitáveis do planeta e que tem negócios até mesmo no Brasil (é a dona da SAF do Bahia).
O herdeiro que faliu, mas passa bem
Em 2016, quando a China contratava um grande jogador atrás do outro para seu campeonato nacional e parecia ser o próximo grande polo do futebol mundial, o Suning Group, um gigante do comércio varejista, decidiu comprar a Inter de Milão.
Quem passou a comandar as operações futebolísticas da holding foi Steven Zhang, filho do fundador do grupo, que construiu um forte sistema de intercâmbio entre a equipe italiana e o Jiangsu Suning, equipe da família no Oriente.
Quando a pandemia chegou, e os negócios do conglomerado desceram ladeira abaixo, a decisão dos Zhang foi parar de investir na modalidade. Mesmo sendo o então campeão chinês, o Jiangsu fechou as portas no começo de 2021.
A Inter só não seguiu o mesmo caminho porque vale dinheiro demais para simplesmente encerrar as atividades. O Suning colocou o clube à venda ainda no ano passado e resolveu administrar o clube com investimentos reduzidos até conseguir completar a transação e passar o patrimônio adiante.
Calhou de, nesse meio tempo, a equipe italiana chegar à final da Champions, o que esfriou bastante os rumores de que uma mudança de administração está por vir.
A decisão
A final da Champions 2022/23 certamente terá um fato novo. Afinal, premiará um campeão inédito ou marcará a volta do futebol italiano ao topo da Europa depois de mais de uma década.
O City tenta se tornar apenas o segundo time a levantar pela primeira vez a Orelhuda neste século. O primeiro foi Chelsea, que entrou para a história em 2012 e tratou de repetir o feito nove anos mais tarde.
A Inter, por sua vez, tem muito mais tradição continental. Os nerazzurri disputam a final pela sexta vez e buscam o quarto título (ganharam em 1964, 1965 e 2010).
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