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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Jogadoras terão de mostrar genitais para disputar Copa? Entenda a polêmica

Seleção brasileira ainda busca 1º título de Copa do Mundo no futebol feminino - Thais Magalhães/CBF
Seleção brasileira ainda busca 1º título de Copa do Mundo no futebol feminino Imagem: Thais Magalhães/CBF

Colunista do UOL

15/06/2023 04h00Atualizada em 15/06/2023 18h50

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A revelação feita pela ex-zagueira Nilla Fischer de que as jogadoras da seleção sueca precisaram se depilar e expor as genitálias a um profissional de saúde para atestarem sua feminilidade e poderem participar da Copa do Mundo de 2011 levantou grandes e polêmicas questões.

Será que exames invasivos como esses aos quais as atletas nórdicas foram submetidas pouco mais de uma década atrás são uma exceção ou fazem parte da rotina das competições de futebol feminino?

Mais que isso: as jogadoras convocadas para a disputa do Mundial-2023, no próximo mês, correm risco de passar pelo mesmo constrangimento relatado por Fischer em sua recém-lançada autobiografia?

A Fifa já exigiu, mas aboliu teste de gênero

Durante oito anos, todas as competições para mulheres organizadas pela Fifa exigiam que as seleções participantes realizassem uma "investigação ativa" sobre o gênero das suas jogadoras e enviassem um laudo médico atestando que todas elas possuíam o órgão genital feminino.

A medida foi adotada justamente antes do Mundial-2011 devido a suspeitas de que equipes africanas, em especial a de Guiné Equatorial, planejavam levar para o torneio na Alemanha atletas homens disfarçados de mulheres.

Os testes de gênero foram abolidos do regulamento dos campeonatos realizados pela entidade em 2019 por serem considerados uma obrigatoriedade misógina (os homens não precisam provar que são homens para competir).

Hoje em dia, as jogadoras são submetidas a exames antidopings regulares (como ocorre no masculino), que podem detectar desvios em taxas hormonais que justifiquem uma maior investigação posterior a respeito do gênero.

Mas, mesmo quando esses exames eram obrigatórios, a Fifa não recomendava que o método utilizado fosse o escolhido pela Suécia: averiguação visual de profissionais de saúde, uma prática que remete ao esporte de meados do século passado (décadas de 1940, 1950 e 1960) e que entrou em desuso por ser tratar de uma violação aos direitos da mulher.

Cada seleção tinha total liberdade para escolher como conduziria seus testes de gênero. Ressonância magnética, testes genéticos para verificação de cromossomos, medição de testosterona e laudos assinados pelos médicos particulares de cada atleta foram alguns dos métodos utilizados.

Prática não foi 100% encerrada

Mesmo que a Fifa hoje considere os testes de gênero como uma medida antiquada e que não deve mais ser aplicada, outros órgãos organizadores de torneios de futebol feminino continuam exigindo uma comprovação formal de que as atletas inscritas estão dentro da regra de gênero.

No ano passado, a atacante Barbra Banda, capitã e principal nome da seleção de Zâmbia, foi proibida de participar da Copa Africana de Nações porque foi reprovada em um desses exames -sua testosterona estava acima do nível permitido para competições exclusivas para mulheres.

A jogadora, no entanto, continuou atuando normalmente por seu clube, o Shanghai Shengli, da China, e poderá participar do Mundial de seleções deste ano.

Copa do Mundo-2023

A nona edição da Copa do Mundo feminina será disputada entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, em dois países diferentes, Austrália e Nova Zelândia.

A competição deste ano será a maior da história. Pela primeira vez, o título mundial será disputado por 32 seleções, formato que foi usado na versão masculina entre a França-1998 e o Qatar-2022.

Os Estados Unidos são os atuais bicampeões e também os maiores vencedores da Copa feminina, com quatro títulos. Alemanha (duas vezes), Noruega e Japão são os outros países que subiram ao lugar mais alto do pódio.

Vice-campeão em 2007 e terceiro colocado em 1999, o Brasil desta vez está no Grupo F e jogará toda a primeira fase em território australiano. Seus primeiros adversários serão Panamá, França e Jamaica.

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