Por que até Neymar sabe que o Al-Hilal é o maior candidato a contratá-lo?
A decisão de Neymar de pedir à diretoria do Paris Saint-Germain para ser negociado ainda nesta janela de transferências, publicada na última segunda-feira pelo jornal francês "L'Équipe" e imediatamente negada pelo pai e empresário do jogador, caiu como uma bomba no Mercado da Bola internacional.
De imediato, Barcelona, Chelsea, times dos Estados Unidos e Al-Hilal passaram a ser apontados como possíveis candidatos a contratar o camisa 10 brasileiro para o segundo semestre.
No entanto, de acordo com fontes próximas ao meia-atacante do PSG ouvidas pelo "Blog do Rafael Reis", o clube saudita é a possibilidade mais concreta de Neymar conseguir uma transação já nas próximas semanas.
Neymar não sonha com a Arábia, mas pode 'engoli-la'
Das quatro opções que têm sido ventiladas como próximo passo da carreira do astro, uma mudança para a Arábia Saudita é a que menos lhe agrada. No entanto, o brasileiro sabe que essa é também a opção com maiores chances de dar negócio.
Afinal, o Barcelona está enterrado em problemas econômicos e com dificuldades para adequar seus reforços às políticas de Fair Play Financeiro do futebol espanhol. O Chelsea, por mais agressivo que seja no mercado, tampouco teria condições de oferecer ao camisa 10 um salário próximo do que ele recebe em Paris. E a MLS só pode realizar novas contratações no próximo ano, já que sua janela fechou na última quarta-feira.
Já o Al-Hilal não tem nenhum desses entraves. O clube ainda não engoliu o fato de ter sido descartado por Lionel Messi e Kylian Mbappé e busca um astro global para fazer frente a Cristiano Ronaldo (Al-Nassr) e Karim Benzema (Al-Ittihad).
Como os principais clubes sauditas são financiados pelo governo, dinheiro não é problema para eles. Ou seja, no Oriente Médio, Neymar pode ganhar até mais que os 44,1 milhões de euros anuais (R$ 236,7 milhões) do seu salário atual.
Por fim, a janela na Arábia só fecha no dia 20 de setembro, quase três semanas depois do encerramento dos negócios na Europa. Ou seja, até o tempo está em favor do Al-Hilal, que pode se aproveitar da possibilidade de o camisa 10 do PSG não arranjar nada melhor até lá.
Quem são os reforços do Campeonato Saudita?
A temporada 2023/24 da liga saudita começa nesta sexta-feira e já não terá mais Cristiano Ronaldo sozinho no posto de grande astro. Confira abaixo outros jogadores de peso que acabaram de desembarcar na competição:
AL-AHLI: Riyad Mahrez (ex-Manchester City), Allan Saint-Maximin (Newcastle), Edouard Mendy (ex-Chelsea) e Roberto Firmino (ex-Liverpool)
AL-ITTIHAD: Fabinho (ex-Liverpool), Jota (Celtic), N'Golo Kanté (ex-Chelsea) e Karim Benzema (ex-Real Madrid)
A-NASSR: Sadio Mané (ex-Bayern), Seko Fofana (ex-Lens), Marcelo Brozovic (ex-Inter de Milão) e Alex Telles (ex-Manchester United)
AL-HILAL: Malcom (ex-Zenit), Rúben Neves (ex-Wolverhampton), Sergej Milinkovic-Savic (ex-Lazio) e Kalidou Koulibaly (ex-Chelsea)
AL-ETTIFAQ: Jordan Henderson (ex-Liverpool) e Moussa Dembélé (ex-Lyon)
Por que a Arábia está gastando tanto?
A chegada de tantos reforços de peso ao futebol saudita ao mesmo tempo não é coincidência, mas sim parte de um projeto da monarquia que é "dona" do país.
O governo local resolveu estatizar os quatro principais clubes, investir US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) em salários e comissões de jogadores e tem feito de tudo para se transformar em um novo polo do futebol mundial por um motivo muito simples: deseja utilizar o esporte para melhorar sua imagem no cenário internacional.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberO exemplo vem do Qatar, que gastou a rodo no Paris Saint-Germain e na organização da Copa do Mundo-2022 para tentar deixar de ser lembrado como um país que não respeita os direitos civis e ainda se utiliza de trabalho análogo à escravidão.
No caso da Arábia Saudita, a prática do "Sportswashing" está ligada ao longo histórico que conecta a nação à violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.
O próprio Bin Salman, provavelmente o próximo rei saudita, foi apontado por um relatório de inteligência norte-americano como mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, ocorrida em 2018.
Foi depois desse acontecimento que a nação intensificou o investimento em futebol (também comprou o Newcastle, da Inglaterra) e se lançou como candidata a receber uma Copa ao longo dos próximos 20 anos —o plano, neste momento, é sediar o torneio de 2034.
Deixe seu comentário