Rafael Reis

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Novo time de Neymar, Al-Hilal tem Jorge Jesus e recorde de títulos

Apesar de ser um participante habitual do Mundial de Clubes da Fifa e de até ter derrotado o Flamengo na última edição do torneio, o próximo time de Neymar não é tão conhecido assim do torcedor brasileiro.

Nada fora do normal. Afinal, o Al-Hilal, que aceitou pagar 90 milhões de euros (R$ 486,8 milhões) ao Paris Saint-Germain pelo craque brasileiro de 31 anos, pode até ser um gigante na Arábia Saudita, mas está longe de ter a fama global do Barcelona ou mesmo do PSG.

O "Blog do Rafael Reis" dá uma forcinha para quem está curioso a respeito do clube cujo nome significa "Lua Crescente" e mostra todos os detalhes do time multimilionário que está perto de tirar Neymar da Europa e levar para um dos mercados emergentes do futebol mundial.

O que é o Al-Hilal?

Fundado em 1957, o clube possui 66 títulos oficiais (mais que um por ano, na média) e é simplesmente o maior vencedor da história do futebol asiático.

A equipe já conquistou quatro títulos da Liga dos Campeões da AFC (três desde 2000) e também detém o recorde de troféus do Campeonato Saudita (18, o dobro de Al-Ittihad e Al-Nassr).

Apesar de quase sempre ter sido uma associação esportiva (modelo de gestão semelhante ao da maioria dos times brasileiros), o Al-Hilal historicamente tem uma proximidade muito grande com a família real. Por isso, o apelido de "clube dos príncipes" pelo qual é conhecido internacionalmente.

Recentemente, essas conexões se tornaram oficiais. Hoje, 75% de suas ações pertencem a um fundo de investimentos público administrado pelo governo saudita. Os sócios detêm os 25% restantes.

Quem joga no Al-Hilal?

O novo time de Neymar é a base da seleção saudita. A última convocação da equipe árabe, para os amistosos contra Venezuela e Bolívia, em março, contava com oito jogadores vinculados ao Al-Hilal.

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Um deles é o meia-atacante Salem Al-Dawsari, nome mais importante da Arábia Saudita na atualidade e um raro atleta do país com experiência na Europa (jogou em 2018 no Villarreal). O camisa 29 marcou dois gols na Copa do Mundo-2022, um deles na vitória sobre a campeã Argentina.

Com a pesada onda de investimentos feita pelos maiores clubes sauditas, o Al-Hilal contratou nesta janela o técnico português Jorge Jesus (ex-Flamengo), o zagueiro senegalês Kalidou Koulibaly (ex-Chelsea), os meias Rúben Neves (ex-Wolverhampton) e Sergej Milinkovic-Savic (ex-Lazio), além do brasileiro Malcom (ex-Zenit São Petersburgo).

Os outros estrangeiros do elenco (cada clube pode ter oito), que já estavam em Riade na temporada passada, são o zagueiro sul-coreano Jang Hyun-soo, o atacante brasileiro Michael (ex-Flamengo) e o centroavante malinês Moussa Marega (ex-Porto).

Por que a Arábia está gastando tanto?

A chegada de tantos reforços de peso ao futebol saudita ao mesmo tempo, como Neymar, Cristiano Ronaldo e Karim Benzema, não é coincidência, mas sim parte de um projeto da monarquia que é "dona" do país.

O governo local resolveu estatizar os quatro principais clubes, investir uma fortuna em salários e comissões de jogadores e tem feito tudo para se transformar em um novo polo do futebol mundial por um motivo muito simples: deseja utilizar o esporte para melhorar sua imagem no cenário internacional.

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O exemplo vem do Qatar, que gastou a rodo no Paris Saint-Germain e na organização da Copa do Mundo-2022 para tentar deixar de ser lembrado como um país que não respeita os direitos civis e ainda se utiliza de trabalho análogo à escravidão.

No caso da Arábia Saudita, a prática do "Sportswashing" está ligada ao longo histórico que conecta a nação à violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.

O próprio Bin Salman, provavelmente o próximo rei saudita, foi apontado por um relatório de inteligência norte-americano como mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, ocorrida em 2018.

Foi depois deste acontecimento que o país intensificou o investimento em futebol (também comprou o Newcastle, da Inglaterra) e se lançou como candidato a receber uma Copa ao longo dos próximos 20 anos —o plano, neste momento, é sediar o torneio de 2034.

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