Rafael Reis

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Novo time de Neymar já gasta mais com salários que Manchester City; compare

O Al-Hilal, clube que anunciou nesta semana a contratação de Neymar, já tem uma folha salarial superior à do Manchester City, atual tricampeão inglês e vencedor da mais recente edição da Liga dos Campeões da Europa.

Só com os oito jogadores estrangeiros do seu elenco (Kalidou Koulibaly, Rúben Neves, Sergej Milinkovic-Savic, Moussa Marega, Jang Hyun-soo e os brasileiros Michael e Malcom, além do ex-camisa 10 do Paris Saint-Germain), a equipe saudita tem um gasto anual de mais de 250 milhões de euros (R$ 1,4 bilhão).

Segundo o site "Capology", especialista no assunto, a folha salarial do City para a temporada 2023/24 está estimada em 247 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão).

O que aconteceu?

Os ganhos de Neymar no Al-Hilal (160 milhões de euros por ano) equivalem à soma dos salários dos dez jogadores mais caros do City: Kevin de Bruyne, Erling Haaland, Jack Grealish, João Cancelo, John Stones, Phil Foden, Rodri, Josko Gvardiol, Manuel Akanji e Rúben Dias.

A tendência é que a folha do Al-Hilal suba ainda mais nas próximas semanas, já que o clube deve trocar dois dos seus estrangeiros (Marega e Jang) por atletas de salário mais alto. Um desses reforços tende a ser o goleiro marroquino Bono (Sevilla).

Outros times da Arábia Saudita gastam ainda mais do que a nova casa de Neymar. Só a dupla Karim Benzema e N'Golo Kanté custa ao Al-Ittihad algo em torno de 300 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão) por ano.

Já vai estrear?

A expectativa do Al-Hilal é que Neymar já estreie pelo novo clube amanhã, contra o Al-Feiha, pela segunda rodada do Campeonato Saudita.

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Já está certo que o brasileiro será apresentado à torcida no estádio Internacional Rei Fahd. E, como o camisa 10 vinha participando normalmente da pré-temporada do PSG, é bem provável que o técnico Jorge Jesus já utilize seu principal reforço.

O Al-Hilal é o maior campeão do futebol saudita, com 18 taças (o dobro de Al-Ittihad e Al-Nassr). Na temporada passada, ficou abaixo da sua média histórica e terminou na terceira colocação. Nesta, estreou com uma vitória por 3 a 1 sobre o Abha, fora de casa.

Por que a Arábia está gastando tanto?

A chegada de tantos reforços de peso ao futebol saudita ao mesmo tempo, como Neymar, Benzema, Kanté e Cristiano Ronaldo, não é coincidência, mas sim parte de um projeto da monarquia que é "dona" do país.

O governo local resolveu estatizar os quatro principais clubes, investir uma fortuna em salários e comissões de jogadores e tem feito tudo para se transformar em um novo polo do futebol mundial por um motivo muito simples: deseja utilizar o esporte para melhorar sua imagem no cenário internacional.

O exemplo vem do Qatar, que gastou a rodo no Paris Saint-Germain e na organização da Copa do Mundo-2022 para tentar deixar de ser lembrado como um país que não respeita os direitos civis e ainda se utiliza de trabalho análogo à escravidão.

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No caso da Arábia Saudita, a prática do "Sportswashing" está ligada ao longo histórico que conecta a nação à violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.

O próprio Bin Salman, provavelmente o próximo rei saudita, foi apontado por um relatório de inteligência norte-americano como mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, ocorrida em 2018.

Foi depois deste acontecimento que o país intensificou o investimento em futebol (também comprou o Newcastle, da Inglaterra) e se lançou como candidato a receber uma Copa ao longo dos próximos 20 anos —o plano, neste momento, é sediar o torneio de 2034.

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