Rafael Reis

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Reportagem

Por que a Arábia coloca astros em sua liga e apostas em time da Champions?

O governo da Arábia Saudita decidiu adotar uma política de "dois pesos e duas medidas" para o seu projeto de utilizar o futebol para melhorar a imagem do país dentro da comunidade internacional.

Enquanto gasta rios de dinheiro para encher seu campeonato nacional de estrelas consagradas no cenário internacional, realiza apenas contratações pontuais e de nomes bem menos badalados para o Newcastle, clube de sua propriedade que foi quarto colocado no último Campeonato Inglês e que irá disputar a Liga dos Campeões da Europa nesta temporada.

Mas o que explica essa diferença tão grande de gestão entre os clubes que a monarquia saudita administra "dentro de casa" e sua equipe participante dos mais ricos e badalados torneios interclubes do planeta?

O importante na Arábia não é jogar bem

Cristiano Ronaldo, Neymar, Karim Benzema, Sadio Mané e os outros reforços de peso dos quatro clubes estatais da Arábia Saudita (Al-Nassr, Al-Hilal, Al-Ittihad e Al-Ahli) não foram levados à Ásia para jogar bem e aumentar o nível técnico do futebol local.

É evidente que os dirigentes e técnicos desses times esperam que essas estrelas acostumadas à elite europeia também entreguem desempenho dentro de campo. Mas esse nunca foi o objetivo principal de quem bancou suas contratações.

O que o governo saudita realmente quer com esses veteranos estrelados é atrair as atenções do planeta para seu campeonato nacional e mostrar que o país pode ser reconhecido pelo futebol (e não, por exemplo, pelas violações aos direitos humanos que pratica). Ou seja, as expectativas em torno de CR7 e cia. são muito mais publicitárias do que qualquer outra coisa.

Já com o Newcastle, a preocupação é bem diferente. A ideia dos seus proprietários é mostrar que um projeto bancado pela Arábia pode se sobressair até mesmo nos campeonatos mais fortes do mundo. É óbvio que isso também não deixa de ser uma propaganda. Mas, nesse caso, o perfil dos reforços passa a ser exclusivamente técnico e baseado em performance.

Fair Play financeiro é empecilho

Mas, apesar de já serem veteranos na reta final da carreira, alguns dos jogadores que foram recentemente para a Arábia ainda poderiam ser bem úteis para as ambições do Newcastle. Benzema, por exemplo, fez 31 gols pelo Real Madrid na temporada passada.

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A questão é que, apesar de também pertencer aos sauditas, o clube inglês jamais poderia pagar um salário sequer próximo dos 200 milhões de euros (mais de R$ 1 bilhão) que o centroavante francês recebe no Al-Ittihad.

É que na Europa vigora uma política de Fair Play financeiro que, embora tenha falhas, impede a injeção desenfreada de dinheiro nos clubes por parte dos seus proprietários. Basicamente, para gastar mais, uma equipe precisa aumentar suas receitas de forma natural, ou seja, sem recorrer à carteira do dono.

Já na Arábia, não existe nenhum tipo de restrição: todo mundo é livre para gastar o quanto e como quiser, pouco importa o tamanho do seu faturamento.

Newcastle na Champions

A participação do Newcastle na Champions será a primeira do clube em mais de 20 anos. A última vez que os Magpies estiveram na fase principal da competição da elite europeia foi em 2002/03.

Para marcar a volta do time ao primeiro escalão do Velho Continente, foram gastos 153,2 milhões de euros (R$ 808,3 milhões) em novos jogadores. Os principais reforços foram o volante italiano Sandro Tonali (ex-Milan) e o meia-atacante Harvey Barnes (ex-Leicester).

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Ainda comandado por Eddie Howe e com a mesma base da temporada passada (Kieran Trippier, Bruno Guimarães, Joelinton e Alexander Isak), iniciou 2023/24 com uma goleada por 5 a 1 sobre o Aston Villa e uma derrota por 1 a 0 para o Manchester City. Seu próximo compromisso pela Premier League é contra o Liverpool, no domingo.

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