Rafael Reis

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Reportagem

'Gaúcho da fronteira', estrela da zaga do Uruguai poderia jogar pelo Brasil

Ronald Araújo fala português com total desenvoltura, costuma ouvir samba e sertanejo enquanto dirige e, sempre que tem um tempinho sobrando, assiste a partidas do Campeonato Brasileiro.

Mas, ao contrário de tantos atletas das seleções sul-americanas que conheceram a cultura do país pentacampeão mundial enquanto atuavam por aqui ou pela convivência com brasileiros em clubes europeus, o zagueiro do Barcelona é assim desde o berço.

Um dos principais nomes do renovado time do Uruguai que recebe o Brasil hoje, a partir das 21h (de Brasília), em Montevidéu, o defensor de 24 anos poderia tranquilamente estar do outro lado do campo no confronto válido pela terceira rodada das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo-2026.

Uruguaio do Rio Grande ou Gaúcho do Uruguai

Na complexa questão das cidadanias dentro do mundo globalizado, Araújo é tão uruguaio quanto brasileiro. Afinal, seu pai é natural da terra campeã das Copas de 1930 e 1950, e sua mãe, do país pentacampeão mundial.

O zagueiro nasceu e foi criado em Rivera, cidade uruguaia que faz fronteira com Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. Ou seja, atravessar de um país para o outro para visitar parentes, fazer compras e confraternizar com amigos sempre fez parte da sua rotina.

Com dupla cidadania, o defensor poderia ser convocado pelas duas seleções que se enfrentam nesta noite. Mas o Uruguai chegou antes: em 2018, começou a chamá-lo para sua equipe sub-20, e, dois anos depois, colocou-o pela primeira vez para defender o time principal.

Protagonista

Apesar de ter apenas 13 partidas com a camisa do Uruguai no currículo (número bastante prejudicado pelas seguidas lesões que tem enfrentado nos últimos dois anos), Araújo é peça-chave no projeto de reconstrução da seleção promovido pelo técnico Marcelo Bielsa.

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"El Loco" abriu mão de veteranos como os atacantes Luis Suárez (Grêmio) e Edinson Cavani (Boca Juniors) e entregou o protagonismo para a geração encabeçada pelo zagueiro do Barcelona.

Além dele, também fazem parte dessa safra de jogadores de 24/25 anos o meia Federico Valverde (Real Madrid), alçado ao posto de capitão da equipe, o centroavante Darwin Núñez (Liverpool) e o lateral esquerdo Joaquín Piquerez (Palmeiras).

Reabilitação pela Copa

A partida contra o Uruguai é uma chance para a seleção brasileira se reabilitar depois do primeiro tropeço desde que passou a ser comandada por Fernando Diniz: o empate com a Venezuela, na semana passada.

Com 1 a 1, a equipe canarinho foi ultrapassada pela Argentina e perdeu a liderança das eliminatórias. Agora, o Brasil ocupa a segunda colocação do qualificatório, com sete pontos conquistados em três rodadas. Já Messi e cia. continuam com 100% de aproveitamento.

Com a ampliação no número de participantes da Copa do Mundo (que agora terá 48 seleções, e não mais 32), os seis primeiros colocados nas eliminatórias da Conmebol carimbarão o passaporte para o Canadá/Estados Unidos/México-2026. E a sétima melhor equipe ainda terá uma nova chance de classificação na repescagem mundial.

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