Rafael Reis

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Como assédio sexual iniciou crise do Ajax, vice-lanterna na Holanda

Maior vencedor do futebol holandês em todos os tempos (36 troféus), vencedor de quatro edições da Liga dos Campeões da Europa e dono de uma das camisas mais conhecidas e tradicionais do planeta, o Ajax vive uma crise de proporções históricas.

O time, que disputou todas as 67 temporadas da Eredivisie, a fase moderna da primeira divisão da Holanda, não vence uma partida há dois meses (três empates e cinco derrotas) e, por mais impensável que pareça, transformou-se em candidato ao rebaixamento.

Ainda que conte com o atenuante de ter duas partidas a menos que seus principais adversários na parte de baixo da classificação, a equipe de Amsterdã é a penúltima colocada na liga nacional, com apenas cinco pontos conquistados em sete partidas.

No Campeonato Holandês, os dois últimos colocados são rebaixados diretamente para a segundona. Além deles, o antepenúltimo ainda corre risco de descenso, já que precisa disputar uma repescagem contra seis equipes oriundas da divisão de acesso.

Assédio sexual gerou avalanche

Ainda que estivesse perdendo gradativamente relevância no cenário europeu desde a segunda metade da década de 1990, o Ajax ainda continuava até pouco tempo atrás sendo o time número um da Holanda e emplacando uma ou outra boa campanha em torneios continentais.

Cinco temporadas atrás, por exemplo, chegou às semifinais da Champions e apresentou ao mundo uma safra de ótimos jovens jogadores hoje estabelecidos no degrau de cima do futebol mundial, como Matthijs de Ligt (Bayern de Munique) e Frenkie de Jong (Barcelona).

Só que a estabilidade da política de formar uma nova geração, maturá-la até conquistar resultados expressivos e negociá-la a peso de ouro para reinvestir em novas jovens apostas, reiniciando assim o ciclo, foi rompida por um escândalo de assédio sexual.

Em fevereiro do ano passado, o ex-atacante Marc Overmars, que ocupava havia dez anos o cargo de diretor técnico e era tratado como responsável por manter o time em alto nível técnico mesmo com as seguidas reformulações do elenco, pediu demissão por comportamento inadequado com funcionárias do clube.

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Sua saída aconteceu depois de denúncias de que o ex-jogador da seleção holandesa tinha por hábito mandar mensagens sexualmente inapropriadas para várias mulheres que estavam abaixo dele (subordinadas diretas ou indiretas) no organograma do Ajax.

Desde então, nada mais deu certo na Johan Cruyff Arena. Na primeira temporada completa sem Overmars, o time terminou o Holandês na terceira posição e não se classificou sequer para as fases preliminares da Champions pela primeira vez em 13 anos.

Agora, a sensação de barco naufragando é maior ainda. Na tarde de hoje, na partida contra o Brighton, pela Liga Europa, o interino Hedwiges Maduro se tornará o quarto técnico diferente a comandar o Ajax desde o começo do ano.

A equipe holandesa também já usou 28 jogadores nessas primeiras 11 partidas da temporada. Como comparação, seu arquirrival PSV Eindhoven, mesmo já tendo feito 17 jogos oficiais no mesmo período, levou a campo até o momento apenas 23 atletas.

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