Rafael Reis

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Por que árabes desistiram de atletas de Palmeiras e Fla para próxima janela

Os torcedores de Flamengo e Palmeiras podem respirar aliviados. Depois de verem alguns dos seus principais jogadores serem assediados pela Arábia Saudita na última janela de transferências, esses clubes não devem receber novas investidas da bilionária liga asiática no Mercado da Bola de janeiro.

O "Blog do Rafael Reis" apurou com fontes ligadas ao futebol onde atuam Cristiano Ronaldo e Neymar que o interesse na contratação de nomes como Ayrton Lucas, Gabigol e Pedro (Fla), além do zagueiro Gustavo Gómez (Palmeiras), já ficou no passado.

Tanto os atuais campeões brasileiros quanto os vencedores da última edição da Libertadores temiam um novo assédio por esses atletas na virada do ano e consideravam que seria difícil conseguir segurá-los no caso de propostas concretas devido ao pesado poderio financeiro dos clubes sauditas.

Brasil ficou 'pequeno' para a Arábia

A desistência das equipes sauditas de tirar jogadores dos clubes mais ricos do Brasil é a constatação de que aquilo que o futebol pentacampeão mundial tem a oferecer é pouco para o tamanho da fome da nação asiática.

Com dinheiro praticamente infinito para gastar e nenhum tipo de política de fair play financeiro para brecar esse investimento, a elite da Saudi League tem hoje na mira atletas de fama internacional, que atuam no primeiro escalão da Europa, e não mais nomes de mercados periféricos, como é o brasileiro.

E essa nem é uma decisão puramente técnica. Como o desejo do governo saudita é atrair a atenção do mundo inteiro, a fama e a popularidade global dos candidatos a se mudar para o Oriente Médio é tão ou mais importante até que aquilo que eles podem produzir dentro de campo.

Só que estrelas desse porte quase não existem no futebol nacional. O lateral esquerdo Marcelo (Fluminense), o volante Fernandinho (Athletico-PR), o meia James Rodríguez (São Paulo) e o atacante Luis Suárez (Grêmio) são algumas das poucas exceções.

Por isso, de acordo com apuração do "Blog do Rafael Reis", pelo menos os quatro clubes mais poderosos da Arábia (Al-Nassr, Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Ahli), que têm o governo nacional como acionista majoritário e concentram as grandes contratações, não planejam mais vir ao Brasil para reforçar seus elencos.

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Depois de gastarem 956 milhões de euros (R$ 5 bilhões) em novos jogadores na última janela, as equipes da primeira divisão saudita devem pegar um pouco mais leve em janeiro, já que seus elencos já estão com o limite de oito estrangeiros atingido. Assim, para alguma nova estrela internacional chegar será necessário que outra vá embora.

Por que a Arábia está gastando tanto?

A transformação da Arábia Saudita no novo eldorado do futebol mundial, com contratação de estrelas do porte de CR7, Karim Benzema, Neymar e Sadio Mané, é uma tentativa da monarquia que governa o país de melhorar sua imagem no cenário internacional.

O exemplo vem do Qatar, que investiu a rodo no Paris Saint-Germain e na organização da Copa do Mundo-2022 para tentar deixar de ser lembrado como um país que não respeita os direitos civis e ainda se utiliza de trabalho análogo à escravidão.

No caso saudita, a prática do "Sportswashing" está ligada ao longo histórico que conecta a nação à violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, maior entusiasta do projeto, foi apontado por um relatório de inteligência norte-americano como mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, ocorrida em 2018.

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Foi depois desse acontecimento que a nação intensificou o investimento em futebol (também comprou o Newcastle, da Inglaterra) e se lançou como candidata, com vitória praticamente certa, a receber a Copa-2034.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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