Rafael Reis

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Conheça o ex-jogador árabe que ficou preso e foi julgado por terrorismo

Durante mais de 20 anos, Nizar Trabelsi foi classificado como terrorista pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de outros países ocidentais.

O ex-meia das seleções de base da Tunísia, que viveu o auge da sua carreira entre 1989 e 1990, época em que defendeu o Fortuna Düsseldorf, da primeira divisão alemã, ficou uma década preso na Bélgica e depois foi extraditado aos EUA por associação com Osama bin Laden e a Al-Qaeda, grupo responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001.

Inicialmente condenado pela Justiça belga (e após cumprir toda sua pena por lá), Trabelsi precisou esperar até maio deste ano para começar a ser julgado também no território norte-americano. E o veredicto saiu em julho: o ex-jogador foi inocentado de todas as acusações existentes contra ele.

Carreira meteórica e radicalização

Trabelsi teve uma carreira extremamente curta. Ele foi contratado pelo futebol alemão quando tinha 19 anos e abandonou os gramados depois de apenas cinco temporadas como jogador profissional.

O tunisiano teve problemas com álcool e drogas e também desenvolveu vício em sexo durante sua trajetória no futebol. Em meados da década de 1990, mergulhou na religião como uma espécie de "tábua de salvação". Foi nessa época também que teve os primeiros contatos com radicais islâmicos que pregavam a jihad, a "guerra santa" contra os inimigos dos muçulmanos.

Em 1998, Trabelsi simplesmente "desapareceu" do mapa. Mais tarde, soube que ele se mudou para a Arábia Saudita e passou um ano e meio vivendo em uma madraça, entidade de ensino superior especializada em estudos do Islã.

Encontro com Bin Laden

Depois que regressou desse retiro a Meca, o ex-jogador informou a família que a partir daquele momento viveria para "servir Alá" e se mudou para a região de fronteira entre Afeganistão e Paquistão, principal reduto da Al-Qaeda.

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Lá, encontrou-se pela primeira vez com Bin Laden e se surpreendeu com o fato de o líder terrorista conhecer toda sua trajetória pessoal e profissional.

"Disse-me que era como um pai para mim. Amo-o por isso", afirmou Trabelsi, sobre o chefe da Al-Qaeda, durante o primeiro julgamento a que foi submetido, vinte anos atrás, na Bélgica.

Terrorismo e julgamentos

Nesse encontro com a Justiça, o tunisiano também admitiu que estava a disposto a participar de um ataque suicida com carro-bomba contra a base aérea de Kleine-Brogel, dentro do território belga, que abrigava militares norte-americanos.

O atentando nunca aconteceu porque, logo após o 11 de setembro, a polícia da Bélgica prendeu 11 homens que supostamente participariam desse ato terrorista. Entre eles, estava Trabelsi.

O ex-meia foi condenado a dez anos de prisão e cumpriu integralmente sua pena até ser extraditado aos EUA, onde passaria por um novo julgamento, com expectativa até mesmo de condenação a prisão perpétua.

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Mas, no novo julgamento, Trabelsi retirou todas as confissões que havia feito duas décadas atrás, declarou-se inocente e convenceu a Justiça que não deveria ser penalizado.

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