Rafael Reis

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'Pai do Bragantino' explica como repetir sucesso no Monaco e brigar com PSG

Durante seis anos e meio, Thiago Scuro foi o homem-forte do projeto futebolístico da Red Bull no Brasil. Foi durante sua gestão que a empresa de energéticos se uniu ao Bragantino e montou o time que agora luta para conquistar pela primeira vez o título do Campeonato Brasileiro.

Em junho, o executivo se despediu do interior paulista para exercer uma função que não costuma ser muito comum para profissionais brasileiros: a de dirigente de um time do primeiro escalão da Europa.

Contratado inicialmente como diretor-esportivo do Monaco, foi promovido três meses depois ao cargo CEO do clube. Agora, ele responde diretamente ao acionista majoritário e presidente Dmitry Rybolovlev.

Meia temporada depois de iniciar os trabalhos no Principado, Scuro conversou com o "Blog do Rafael Reis" e detalhou quais são os seus planos para o time que revelou Kylian Mbappé e tenta rivalizar com o Paris Saint-Germain no cenário francês.

O peso de ser brasileiro
"Nunca vi nacionalidade como algo determinante de nada. O futebol tem diferentes métodos e escolas. O que procuro fazer é me desenvolver. Tenho uma ideia de gestão muito clara. O trabalho desenvolvido no Brasil chamou a atenção de um clube da relevância do Monaco. Sempre tive essa vontade [de trabalhar na Europa]. Nunca imaginei que o fato de ser brasileiro fosse limitante."

Elenco cheio de brasileiros
"Na verdade, isso nem é possível por causa do limite de estrangeiros. Meu recrutamento de jogadores não funciona assim. O Monaco tem uma organização de projeto esportivo muito claro na forma de desenvolver jogadores. É uma organização que não tem todo o poder concentrado no treinador. Sou um dirigente com esse perfil e tenho procurado seguir esse princípio."

Semelhanças entre Bragantino e Monaco
"Existe essa similaridade da aposta em jovens jogadores. Mas isso é algo que hoje em dia até os maiores clubes do mundo estão fazendo. O que foi desenvolvido e aplicado no Red Bull não necessariamente será aplicado no Monaco. O Monaco tem uma ambição de resultados esportivos que me obriga a ajustar essa política. Precisamos de mais equilíbrio."

O objetivo do Monaco
"Precisamos estar sempre na fase de grupos da Champions League, tanto para o projeto esportivo quanto para a sustentabilidade financeira do projeto. Nossa ideia é ficar na ponta do futebol francês e ser competitivos para gerar receita a partir de transferências dos jogadores."

Como bater o PSG
"Naturalmente, existe um deslocamento financeiro do Paris para o restante da liga. Mas é possível derrotá-los, tanto que isso já aconteceu. O Monaco e o Lille foram campeões franceses já nesta fase de investimento pesado do Paris. É possível, mas exige muito mais eficiência da nossa parte. Precisa de um cenário ótimo para atingir esse objetivo."

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Corte de investimentos uma década atrás
"O cenário do futebol mundial era outro. Você ainda não tinha a Premier League no nível econômico de hoje. Agora, eles agem como predadores. O primeiro ciclo de investimentos do proprietário do Monaco [com reforços do porte de James Rodríguez, Radamel Falcao García e João Moutinho] tinha o objetivo de tirar da segunda divisão e levar para a ponta, o que aconteceu. Só que naquela época era mais permissivo fazer investimentos de médio e longo prazo. Depois, surgiu uma série de reguladores, como o Fair Play Financeiro da Uefa e as restrições impostas pela própria Ligue 1, que limitaram esse tipo de prática."

O objetivo de Scuro
"No final do processo, o que desejo é tornar o Monaco sustentável economicamente. Quero tornar o clube saudável. A gente faz isso otimizando receitas comerciais, implementando programas de sócio, desenvolvendo categorias de base e, claro, com performance esportiva. É um trabalho que envolve múltiplas áreas."

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