Rafael Reis

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Fim de lei inspirada em Beckham gera pânico e pode levar Itália à debandada

Depois de emplacar um finalista (Inter de Milão) e um semifinalista (Milan) da Liga dos Campeões da Europa na temporada e fazer seu campeonato nacional voltar a ser respeitado no cenário internacional, o futebol italiano entrou em 2024 tomado por uma onda de pânico.

O motivo é o fim de um incentivo fiscal que, na visão dos clubes do país tetracampeão mundial, é o que garantia que eles fossem minimamente competitivos no Mercado da Bola e conseguissem atrair/manter jogadores do porte de Lautaro Martínez (Inter), Rafael Leão e Theo Hernández (Milan) e Victor Osimhen e Khvicha Kvaratskhelia (Napoli).

O Decreto Crescita, uma espécie de versão italiana da Lei Beckham, surgida na Espanha no começo dos anos 2000, expirou e não foi renovado pelo governo para o ano novo. Com isso, os times do Calcio terão de pagar mais impostos e diminuirão sua capacidade de investimento.

Como funcionava a lei?

Sancionado em 2019, o Decreto Crescita era uma lei que dava isenção fiscal de até 50% da carga tributária aplicada sobre contratos de trabalho de profissionais estrangeiros para empresas italianas.

No futebol, essa regulamentação tornou-se conhecida por tornar mais viável a permanência de Cristiano Ronaldo na Itália. O astro português foi contratado pela Juventus um ano antes do decreto entrar em vigor e permaneceu na Serie A durante três temporadas.

Essa regra tinha certas semelhanças com a Lei Beckham, criada pelo governo espanhol em 2005 e que ganhou o apelido do então craque inglês do Real Madrid (hoje dono do Inter Miami) por ser um pacote de benefícios que reduzia os impostos pagos por estrangeiros de altos salários que trabalhavam na Espanha.

A redução da carga tributária ajudou bastante no processo de internacionalização dos elencos do futebol espanhol. Em detrimento, reduziu o espaço dos jogadores locais -crítica que também ganhou força na Itália, sobretudo depois de a seleção não se classificar para duas edições consecutivas da Copa do Mundo.

Medo italiano

De acordo com projeções feitas pela Serie A, liga que administra a primeira divisão italiana, os clubes que disputam a competição economizaram algo em torno de 140 milhões de euros (R$ 735,4 milhões) na temporada passada por causa do Decreto Crescita.

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Com o fim da legislação, o valor anual pago em impostos por clubes como Milan e Roma deve saltar da casa dos 60 milhões de euros (R$ 322,9 milhões) para quase 90 milhões de euros (R$ 484,5 milhões).

O custo de jogadores estrangeiros que ganham 6 milhões de euros (R$ 32,3 milhões) por temporada, valor do salário dos atacantes Lautaro Martínez e Marcus Thuram, ambos da Inter, subirá de 7,9 milhões de euros (R$ 42,5 milhões) para 11,1 milhões de euros (R$ 59,2 milhões).

Corrida pelo scudetto

Depois do fim do jejum de três décadas do Napoli na temporada passada, desta vez a briga pelo título italiano parece estar mesmo restrita aos clubes mais tradicionais do país.

Os integrantes do "trio de ferro" que historicamente manda no Calcio ocupam justamente as três primeiras colocações da Série A. Após a disputa de 18 das 38 rodadas previstas, a Inter de Milão soma 45 pontos e lidera a classificação. Sua oponente mais próxima é a Juventus, que tem 43. E o Milan está um pouco mais distante, com 36.

A Inter joga primeiro no próximo fim de semana, que marca o encerramento do primeiro turno. No sábado, recebe o Hellas Verona. Já no dia seguinte, Juventus e Milan visitam Salernitana e Empoli, respectivamente.

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