Rafael Reis

Rafael Reis

Siga nas redes
Reportagem

Vitória constrangedora no melhor do mundo premia pior Messi em 14 anos

Não foi à toa que a vitória anunciada ontem de Lionel Messi na eleição de melhor jogador do mundo promovida pela Fifa provocou tanto constrangimento na comunidade internacional do futebol.

O camisa 10 do Inter Miami conquistou o troféu pela oitava vez na carreira apesar de ter tido no período que deveria ser analisado pelo colégio eleitoral seu pior desempenho dos últimos 14 anos.

Entre os dias 19 de dezembro de 2022 e 20 de agosto de 2023, datas estipuladas pela Fifa como recorte que seria considerado para análise de desempenho e distribuição de votos, Messi disputou 32 partidas oficiais por Paris Saint-Germain, Inter Miami e seleção argentina, marcou 24 gols e deu oito assistências.

Na prática, isso significa que, em média, ele participou ativamente (com finalização ou passe para algum companheiro marcar) de uma jogada que terminou com a bolas nas redes em cada partida.

Para Messi, muito pouco

A produtividade de Messi no período que lhe rendeu o mais recente prêmio de melhor do mundo ficou bem abaixo das marcas que o argentino costuma entregar.

A última vez que o camisa 10 havia registrado uma média tão baixa na soma de gols e assistências foi lá na temporada 2008/09, quando ele produziu "apenas" 0,95 tento em cada jogo do qual participou.

Em seus melhores dias, o craque chegou a ultrapassar a marca de 1,40 participação em gol por partida. Seu auge foi estabelecido em 2011/12, quando atingiu o patamar de 1,64 a cada 90 minutos de futebol.

Para piorar, na segunda metade da temporada 2022/23, Messi passou longe das grandes conquistas. Ele venceu apenas o Campeonato Francês, quase uma obrigação para o PSG, e a pouco expressiva Copa da Liga dos EUA com o Inter Miami. Na Liga dos Campeões da Europa, o meia-atacante foi eliminado bem cedo, ainda nas oitavas de final.

Continua após a publicidade

Mas por que Messi venceu?

É difícil encontrar uma justificativa para a vitória de Messi sobre Erling Haaland (segundo colocado), Kylian Mbappé (terceiro) e todos os outros jogadores do planeta no The Best que não seja o título mundial conquistado pela Argentina na Copa-2022.

O problema é que, de acordo com o regulamento da competição, tudo que aconteceu no Mundial do Qatar deveria ser desconsiderado pelos eleitores do pleito da Fifa.

Diferente do que fez a Bola de Ouro, prêmio organizado pela "France Football" e que também premiou Messi em sua edição mais recente, a eleição da Fifa resolveu que a Copa-2022 deveria ser agraciada na eleição do ano passado, não na atual.

Aparentemente, o colégio eleitoral, composto por capitães e técnicos das seleções, além de jornalistas e torcedores do mundo inteiro, não entendeu tão bem assim esse critério. O resultado é que acabaram premiando Messi duas vezes (em 2023 e 2024) pelo mesmo grupo de jogos, os do Mundial.

Messi ano a ano (gols + assistências)

2022/23 (2ª metade): 1 gol produzido por jogo
2022/23 (1ª metade): 1,57 gol produzido por jogo
2021/22: 1,27 gol produzido por jogo
2020/21: 1,09 gol produzido por jogo
2019/20: 1,17 gol produzido por jogo
2018/19: 1,17 gol produzido por jogo
2017/18: 1,43 gol produzido por jogo
2016/17: 1,09 gol produzido por jogo
2015/16: 1,45 gol produzido por jogo
2014/15: 1,28 gol produzido por jogo
2013/14: 1,23 gol produzido por jogo
2012/13: 1,32 gol produzido por jogo
2011/12: 1,64 gol produzido por jogo
2010/11: 1,37 gol produzido por jogo
2009/10: 1,20 gol produzido por jogo
2008/09: 0,95 gol produzido por jogo

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes