Palestina vive sonho na Copa da Ásia enquanto sofre com ataques de Israel
Bombardeada diariamente pelo exército de Israel há quase quatro meses, a população da Palestina encontrou no futebol uma forma de ter momentos de alegria mesmo no meio dos horrores da guerra.
Em sua terceira participação da Copa da Ásia, a seleção do Estado árabe está vivendo um conto de fadas e já estabeleceu sua melhor campanha na história do torneio, que está sendo disputado no Qatar.
Na última terça-feira, os palestinos fizeram 3 a 0 em Hong Kong e conquistaram sua primeira vitória na competição continental em todos os tempos. O resultado também valeu a terceira colocação do Grupo C e a classificação inédita para as oitavas de final -enfrentam o Qatar, segunda, às 13h (de Brasília), já nos mata-matas decisivos.
Quem joga pela Palestina?
Apesar de ter um futebol local totalmente prejudicado pelos frequentes conflitos com Israel (seus dois campeonatos nacionais, o da Faixa de Gaza e o da Cisjordânia, estão paralisados desde outubro por causa da atual guerra), a Palestina ainda tem uma seleção formada majoritariamente por jogadores que atuam no seu próprio território.
Dos 26 convocados pelo técnico Makram Daboub, 14 jogam (ou tentam jogar) por clubes palestinos. Mas os principais nomes do time que está brilhando na Copa da Ásia são mesmo "estrangeiros".
O artilheiro Oday Dabbagh, referência técnica da equipe e autor de dois gols contra Hong Kong, até começou no futebol local, mas hoje veste as cores do Charleloi, da Bélgica. Já o meia-atacante Tamer Seyam, que já marcou 12 vezes pela Palestina, atua na Tailândia. Por fim, o capitão Musab Al-Battat joga na Malásia.
A seleção palestina conta até com um jogador nascido e criado na América do Sul. Descendente da comunidade árabe radicada no Chile, o lateral esquerdo Camilo Saldaña está atualmente no Unión San Felipe, da segunda divisão de lá.
Como foi a preparação da seleção?
A seleção palestina está em trânsito desde o início da guerra. Quando o grupo terrorista Hamas atacou Israel, no começo de outubro, e provocou a contraofensiva israelense que dura até hoje em Gaza e já matou mais de 25 mil pessoas, a equipe estava pronta para disputar um torneio na Malásia.
Por causa da guerra, vários jogadores não puderam mais voltar para a casa e passaram a rodar pelo "mundo árabe" para treinar e manter a forma. Ao longo dos últimos quatro meses, passaram por Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Jordânia, Argélia e Arábia Saudita, sempre com os anfitriões financiando todo o custo da estadia.
À distância, acompanharam as sofridas notícias vindas da Palestina. O técnico Hani Al-Masdar, que dirigia a seleção sub-23, foi morto depois de ser atingido por estilhaços de um míssil. Já o zagueiro Mohammed Saleh perdeu uma tia, um tio e primos poucos dias antes da estreia na Copa da Ásia.
A 99ª colocada no ranking da Fifa fez ao todo cinco jogos entre o início da guerra e a estreia na competição continental. Em novembro, empatou com o Líbano e perdeu para a Austrália, pelas eliminatórias da Copa do Mundo-2026. Depois, obteve empates contra a seleção sub-23 da Argélia e a Arábia Saudita e foi batida pelo Uzbequistão, em amistosos preparatórios para o torneio.
Como está a Copa da Ásia?
Além da inédita passagem da Palestina para os mata-matas, a fase de classificação da Copa da Ásia teve como principal surpresa a eliminação precoce da China, que pela primeira vez na história terminará o torneio fora do top 10.
Todos os seis representantes do continente no Mundial-2022 avançaram: Irã e Qatar venceram todos os jogos que disputaram até o momento. Arábia Saudita, Austrália, Coreia do Sul e Japão deixaram pontos de caminho, mas não comprometeram a classificação.
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Quero receberA fase final da Copa da Ásia começa no domingo, com os dois primeiros jogos das oitavas. A decisão do torneio está marcada para o dia 10 de fevereiro, no estádio Lusail, que também recebeu o jogo do título da última Copa do Mundo.
O Japão é o maior vencedor da competição continental em todos os tempos, com quatro taças levantadas. Já o atual campeão é justamente o Qatar, anfitrião desta edição, que derrotou os nipônicos na final de 2019.
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