Rafael Reis

Rafael Reis

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Gramado artificial tem campanha contra na Europa e foi proibido na Holanda

A admissão do Palmeiras de que o gramado do Allianz Parque não está nas condições aceitáveis para a prática de futebol e sua decisão de não jogar mais na sua casa até que o piso seja completamente reconstruído resgatou o debate sobre a utilização de grama sintética nos estádios brasileiros.

Os detratores dos campos artificiais costumam alegar que eles aumentam o risco de contusões para os atletas. Já seus defensores falam em um custo de manutenção menor e se apoiam em uma suposta adaptação a condições climáticas prejudiciais à grama natural, como frio intenso e chuvas fortes.

Só que essa discussão não é exclusividade do Brasil. Na Europa, há uma forte campanha para que os gramados artificiais sejam cada vez menos utilizados. E já houve até um país do primeiro escalão do Velho Continente que mudou de ideia e decidiu proibir o piso sintético.

Holanda encabeça campanha

Em julho do ano passado, a Eredivisie, entidade que organiza a primeira divisão holandesa, anunciou que, a partir da temporada 2025/26, não permitirá jogos da competição em estádios com gramados 100% artificiais.

A entidade irá até fornecer até mesmo uma grana extra (parte da verba dos direitos de transmissão e de competições europeias) para os clubes se adaptarem a essa mudança e passarem a utilizar pelo menos gramas híbridas, que misturam plantas naturais e sintética.

A decisão foi tomada por pressão do sindicato dos jogadores. Os atletas do país vinham fazendo reclamações seguidas da forma como a bola rola (com mais quiques) e também da percepção de estarem mais suscetíveis a lesões nos campos artificiais.

Além disso, um estudo de 2016 realizado por pesquisadores holandeses concluiu que os gramados feitos de borracha reciclada liberam uma quantidade acima do ideal de substâncias cancerígenas, o que poderia provocar um aumento na incidência de câncer entre os praticantes de futebol nesse tipo de solo.

Europa pode banir grama sintética?

A Premier League inglesa, a Serie A italiana e a La Liga espanhola, os três campeonatos nacionais mais importantes do futebol europeu, não contam com nenhum estádio com gramado 100% artificial. Por lá, a regra é a mesma que será adotada na Holanda: o piso até pode conter placas sintéticas, mas desde que também conte com vegetação de verdade.

Continua após a publicidade

Na Liga dos Campeões da Uefa, a situação é diferente. Clubes do norte e do leste do Velho Continente sofrem com invernos especialmente rigorosos e, por conta disso, aderem à grama artificial. O suíço Young Boys, que caiu no mesmo grupo do Manchester City nesta temporada, é um dos times que têm o "tapetinho" em seu estádio.

Mas, segundo reportagem publicada em outubro passado pelo Diário Olé, até mesmo os países mais frios da Europa podem em breve abandonar os gramados sintéticos, já que a União Europeia estaria analisando o banimento desse tipo de piso por conta de danos ambientais -aumento da presença de micropartículas de plástico no ar que respiramos.

E no Brasil?

O futebol brasileiro não tem nenhum tipo de regulamentação específica que iniba o uso da grama artificial. Ao contrário de várias ligas europeias, a CBF utiliza as mesmas determinações das confederações das quais é filiada, ou seja, Fifa e Conmebol.

Três estádios utilizados na primeira divisão nacional (Allianz Parque, do Palmeiras, Nilton Santos, do Botafogo, e Ligga Arena, do Athletico-PR) contam com pisos artificiais.

Para poder ser utilizado por aqui, basta que o gramado obtenha uma certificação específica da Fifa para pisos de material sintético. A licença precisa ser renovada anualmente para que a arena possa receber partidas oficiais.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.