Rafael Reis

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Reportagem

Arábia quer comprar mais um clube na Europa e tem R$ 13 bilhões para gastar

Depois de conquistar o direito de organizar uma Copa do Mundo, comprar o Newcastle e encher seu campeonato nacional de jogadores acostumados a brilhar no primeiro escalão do futebol europeu, o governo da Arábia Saudita planeja agora ter um segundo clube na elite do Velho Continente.

Depois de abrir negociações nos últimos meses com Olympique de Marselha e Valencia, o FPI (Fundo Público de Investimentos) do país do Oriente Médio voltou os olhos para a Roma, atual quinta colocada do Campeonato Italiano.

De acordo com o jornal "La Reppublica", o primeiro a noticiar o interesse, o chefe do departamento jurídico do clube conversou sobre o tema durante a semana em um encontro com investidores sauditas, em Riade. Também já houve uma reunião nos Estados Unidos para discutir uma possível venda.

Investimento de R$ 13 bilhões

Ainda segundo o periódico italiano, o orçamento disponibilizado pelo governo saudita para investir no projeto de aquisição da Roma está na casa de 2,5 bilhões de euros (R$ 13,4 bilhões).

Desse total, 900 milhões de euros seriam gastos efetivamente com a aquisição das ações que colocariam os árabes no comando do clube. O restante seria utilizado para a construção de uma nova arena -atualmente, divide com a arquirrival, Lazio, o estádio Olímpico, que pertence ao Comitê Olímpico Italiano.

Além do FPI, a Roma teria em mãos uma outra proposta oriunda da Arábia Saudita, essa feita por um investidor privado: o ex-ministro do Esporte e atual chefe da Autoridade Geral de Entretenimento, Turki Al-Sheikh, que já é dono do Almería, da Espanha.

Quem é o dono da Roma?

Desde 2020, o controle acionário do clube que leva o nome da capital italiana está nas mãos do empresário norte-americano Thomas Dan Friekdin, dono da principal distribuidora de automóveis Toyota nos Estados Unidos.

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Friekdin pagou 591 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões) por quase 96% das ações. Ou seja, caso concretize nos próximos meses a venda para o fundo saudita nos valores noticiados pela imprensa, terá um lucro bem considerável com a operação.

Durante o período de gestão do magnata norte-americano, a Roma conquistou um título da Conference League (2022) e foi vice-campeã da Liga Europa (2023).

Por que a Arábia está gastando tanto?

A transformação da Arábia Saudita no novo eldorado do futebol mundial, com contratação de estrelas do porte de Cristiano Ronaldo, Karim Benzema, Neymar e Sadio Mané, é uma tentativa da monarquia que governa o país de melhorar sua imagem no cenário internacional.

O exemplo vem do Qatar, que investiu a rodo no Paris Saint-Germain e na organização da Copa do Mundo-2022 para tentar deixar de ser lembrado como um país que não respeita os direitos civis e ainda se utiliza de trabalho análogo à escravidão.

No caso saudita, a prática do "Sportswashing" está ligada ao longo histórico que conecta a nação à violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.

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O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, maior entusiasta do projeto, foi apontado por um relatório de inteligência norte-americano como mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, ocorrida em 2018.

Foi depois desse acontecimento que a nação intensificou o investimento em futebol, entrou na Premier League inglesa e lançou a vitoriosa candidatura para receber a Copa-2034.

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