Rafael Reis

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Como Carnaval cheio de polêmicas enterrou a carreira de Edmundo na Europa

Um dos grandes nomes do futebol brasileiro na década de 1990, Edmundo teve uma trajetória nos gramados bem diferente da experimentada pela maior parte dos seus contemporâneos de seleção.

Enquanto Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo e cia. passaram na Europa a maior parte dos seus anos como atletas de elite, o ex-atacante viveu seu auge vestindo as camisas de Palmeiras, Vasco, Flamengo, Corinthians, Santos e cia.

O Animal até teve três experiências no futebol do Velho Continente, mas todas foram muito breves. E a mais expressiva delas, aquela que prometia alçá-lo ao rol dos melhores jogadores do mundo, foi encurtada por causa do Carnaval.

A folia que custou um título

Edmundo fez parte de um dos melhores times da história da Fiorentina. Na temporada 1998/99, o brasileiro atuava ao lado do português Rui Costa e do artilheiro argentino Gabriel Batistuta no trio de ataque viola.

Sob comando do vitorioso técnico Giovanni Trapattoni, a trinca funcionou muito bem, tão bem que fez da equipe do uniforme roxo um real candidato a acabar com um jejum de 30 anos sem vencer o Campeonato Italiano.

Quando o Carnaval chegou, a Fiorentina liderava a Serie A. O clima em Firenze só não era de total euforia porque Batistuta estava machucado. Mas a torcida e o elenco acreditavam que Edmundo poderia suprir a lacuna deixada pelo camisa 9 e capitão.

Só que os planos do brasileiro eram diferentes. O ex-atacante não abriu mão da folga que já havia negociado com o presidente do clube e viajou para o Rio de Janeiro. No mesmo dia em que desfilou na Sapucaí pelo Salgueiro, seus companheiros, desfalcados da dupla de frente titular, perderam para a Udinese.

A derrota teve um efeito devastador na Fiorentina. O elenco viola se voltou contra Edmundo por aquilo que considerou uma grande falta de profissionalismo. Anos mais tarde, em um documentário sobre sua carreira, Batistuta lembrou do episódio e disse que o considerou uma "traição".

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Sem clima perante seus companheiros, Edmundo ameaçou nem voltar à Itália para completar a temporada. Mas, após ser ameaçado pela diretoria de ter seu caso levado à Fifa, retornou. E viu o time murchar, acumular tropeços e terminar a temporada em terceiro, com quatro pontos a menos que o Milan.

Arrependimento e adeus

O fim da temporada marcou também o encerramento da estadia do atacante em Firenze. Na época, o Vasco aceitou pagar US$ 15 milhões para repatriar seu ídolo. O Animal é até hoje a contratação mais cara da história do clube.

Edmundo ainda voltaria em 2001 à Europa para uma terceira passagem pela Itália (jogou só uma partida pelo Parma, em 1994). Com o Napoli, o ex-atacante acabou rebaixado para a segunda divisão do Calcio.

Atualmente, sempre que é lembrado sobre o polêmico Carnaval de 1999, o brasileiro admite que não se comportou da melhor forma na situação. No ano passado, em participação no "Resenha", da ESPN, o antigo jogador da Fiorentina admitiu que, se tivesse a cabeça de hoje, jamais teria deixado seu time de lado para viajar ao Brasil e curtir o Carnaval.

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