Mais cara da história, atacante foi vetada de torneio após teste de gênero
Protagonista da maior transferência da história do futebol feminino, a atacante zambiana Racheal Kundananji já foi proibida de participar de uma competição importante por ter sido reprovada em um teste de gênero.
A jogadora de 23 anos, que acabou de trocar o Madrid CFF pelo Bay FC, dos Estados Unidos, em um negócio que movimentou 735 mil euros (R$ 3,9 milhões), não pôde disputar a Copa Africana de Nações de 2022 porque um exame detectou que ela estava com níveis de testosterona (o hormônio masculino) acima do permitido para competições femininas.
A proibição se estendeu para outras três atletas da seleção de Zâmbia, que também falharam no exame, e recebeu pesadas críticas de ONGs (Organizações Não Governamentais), que consideraram o episódio como uma clara violação aos direitos humanos.
Que são os testes de gênero?
Dá-se o nome de teste de gênero para todo e qualquer tipo de exame que visa determinar se um atleta possui o órgão reprodutor e os níveis hormonais exigidos para se adequar às categorias masculina ou feminina em um torneio esportivo.
Ao contrário da CAF (Confederação Africana de Futebol), a Fifa já não utiliza mais nenhuma política comprovatória de gênero em suas competições femininas por considerar que essa era uma medida misógina (afinal, os homens nunca precisaram provar ser homens para competir).
No entanto, entre 2011 e 2019, a entidade que gerencia o futebol mundial exigia que as seleções participantes dos seus torneios femininos realizassem uma "investigação ativa" sobre o gênero das suas jogadoras e enviassem um laudo médico atestando que todas elas possuíam vagina a fim de impedir a inscrição de homens disfarçados de mulheres.
No ano passado, a zagueira Nilla Fischer gerou polêmica ao revelar em sua autobiografia que todas as jogadoras da Suécia precisaram mostrar sua genitais completamente depiladas (para que os pelos pubianos não pudessem esconder um pênis) a um médico para poder participar da Copa do Mundo-2011.
Quem é Kundananji?
A nova jogadora mais cara de todos os tempos começou a despontar no cenário do futebol internacional há somente dois anos e meio, quando se destacou nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Ainda em 2021, a atacante de Zâmbia foi contratada pelo modesto Eibar, da Espanha, e chegou ao primeiro escalão do futebol europeu -antes, havia atuado no seu país-natal e no BIIK Kazygurt, do Cazaquistão.
Depois de marcar oito gols em sua primeira temporada no Campeonato Espanhol, a jogadora se mudou para o Madrid CFF. E aí, sua carreira decolou de vez: meteu 25 bolas nas redes na liga nacional em 2022/23, foi vice-artilheira da competição e chamou a atenção do mercado norte-americano.
A número um
Só neste começo de ano, o recorde de maior transferência já realizada no futebol feminino já foi quebrado duas vezes.
A marca superada nesta semana por Kundananji havia sido estabelecida no mês passado pela colombiana Maya Ramírez, tirada do Levante pelo Chelsea mediante pagamento de 450 mil euros (R$ 2,4 milhões).
Mas, apesar de o mercado feminino estar em franca expansão, os números ainda estão muito distantes (mas muito distantes mesmo) dos praticados pelo futebol masculino. Entre os homens, a maior transação de todos os tempos, a ida de Neymar para o Paris Saint-Germain, em 2017, alcançou o patamar de 222 milhões de euros (quase R$ 1,2 bilhão).
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