Italiana se divide como modelo e árbitra de futebol, mas encara preconceito
Em um dia, Mariangela Presicce está desfilando na Milão Fashion Week, uma das semanas da moda mais importantes do planeta, e vestindo roupas de grifes que são sonho de consumo de muita gente.
No outro, os vestidos e biquinis de estilistas renomados são substituídos por camiseta, bermuda, meiões e chuteiras. Já as glamourosas passarelas cercadas de fotógrafos dão lugar a campos esburacados com arquibancadas praticamente vazias.
A italiana de 20 anos ainda paga suas contas trabalhando como modelo. No entanto, já tem dado os seus primeiros passos na realização do seu grande sonho profissional: ser árbitra de futebol.
Por enquanto, sua atuação na nova área se limita a jogos de categorias de base na Puglia, região localizada no sudeste da Itália, que tem Bari, Lecce e Foggia como cidades mais conhecidas.
De frente com o preconceito
Mesmo ainda engatinhando na carreira, Presicce já tem enfrentado aquela que ela considera que é a maior barreira para o sucesso de uma árbitra de futebol, ainda mais uma que também é modelo: o machismo, muitas vezes vindo das próprias mulheres.
"Durante uma partida, a mãe de um jogador gritou da arquibancada que eu devia deixar o futebol de lado e ir para casa cuidar das tarefas domésticas", relatou, em entrevista ao jornal italiano "La Reppublica".
"Infelizmente, ainda há muita gente que não percebeu que o mundo mudou. E o mais triste é que muitas dessas pessoas são mulheres que não conseguiram atingir a maturidade cultural e ainda acham que seu papel é permanecer preocupada apenas com os afazeres de casa", completou.
Ainda nessa entrevista, Presicce assegurou que não desistirá do seu sonho por conta do preconceito, mas lamentou que nem todos conseguem lidar da mesma forma com as "frases insultuosas e depreciativas".
Filha do técnico
A modelo e aspirante a árbitra se apaixonou pelo futebol ainda na infância, por influência do seu pai, que treinava um time amador e costumava levá-la para assistir boa parte dos jogos em que atuava.
"Não me senti muito atraída pelo que os jogadores faziam dentro de campo, mas sim pelo árbitro. Fiquei intrigada com sua autoridade, com a habilidade necessária para conseguir dirigir uma partida e interrompê-la quando necessária", explicou.
Dedicada à carreira que pretende levar adiante, Presicce aproveita todos os momentos de folga que surgem no seu trabalho como modelo para se aprofundar no estudo das regras do futebol e assistir a partidas que a ajudem a entender melhor o funcionamento do jogo.
"O uniforme de árbitro e o vestido de grife podem coexistir. Basta querer."
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