Rafael Reis

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Google e Liverpool criam IA para começar a substituir técnico de futebol

Você corre risco de, dentro de alguns anos, ser substituído no trabalho por um robô? Pois saiba que os treinadores de futebol, mesmo aqueles da elite, como Pep Guardiola, Jürgen Klopp e Diego Simeone, também sofrem com essa ameaça.

O Google DeepMind, braço da gigante da tecnologia especializado no desenvolvimento de inteligências artificia, e o Liverpool acabaram de anunciar a criação da primeira IA que trabalha como técnica do esporte mais popular do planeta.

Os primeiros resultados do TacticAI foram apresentados na última terça-feira, em artigo publicado na prestigiosa revista científica "Nature Communications", e mostram que, em algumas funções, os algoritmos já superaram os profissionais dos bancos de reservas.

'Mestre dos escanteios'

Por enquanto, a atuação dessa ferramenta de inteligência artificial está concentrada especialmente na sugestão do melhor posicionamento possível para os jogadores (de ataque e defesa) nas cobranças de escanteio.

Durante os três anos de parceria com o Liverpool, o TacticAI analisou 7.176 tiros de canto de jogos da Premier League inglesa para desenvolver as táticas que foram posteriormente apresentadas e aprovadas a profissionais do clube inglês.

Após ser abastecida com esses dados, a inteligência artificial passou a fazer sugestões de onde cada atleta deveria ficar durante cobranças de escanteio em diferentes cenários (time com vantagem no placar, precisando segurar resultado e etc).

Em 90% das apresentações, um corpo técnico formado por especialistas do Liverpool (três cientistas de dados, um analista de vídeo e um treinador assistente) considerou que os posicionamentos apontados pelo robô eram melhores do que o que eles tinham pensado para aquela situação.

Revolução a caminho

"Do ponto de vista da inteligência artificial, o que é interessante é o quanto o futebol é um jogo muito dinâmico, com muitos fatores normalmente ignorados que acabam tendo influência direta no resultado final. Por isso, ele é desafiador", afirmou Petar Velickovic, um dos responsáveis pelo estudo, em entrevista ao jornal "Financial Times".

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A análise de dados, uma das chaves para a construção de robôs que leem informações e apresentam soluções, tem ganhado terreno rapidamente no futebol desde a publicação do livro "Moneyball: o homem que mudou o jogo", de Michael Lewis.

Na obra, publicada em 2003 e posteriormente transformada em filme, Lewis detalha como o Oakland Athletics revolucionou a MLB (Major League Baseball) utilizando dados e estatísticas complexas para definir quais jogadores seriam contratados e escalados.

Hoje, praticamente todo clube relevante no cenário internacional se utiliza, em maior ou menor escala, desse expediente para formar e desenvolver seus elencos. E, com o auxílio de tecnologias mais precisas e velozes para ler e interpretar dados, esse serviço tem ficado cada vez mais certeiro.

Além da TacticAI, outras ferramentas de inteligência artificial no futebol têm sido criadas e aplicadas em campo. A MLS (Major League Soccer), por exemplo, utiliza um programa de saúde chamado "Atleta Digital", criado pela Amazon, cujo intuito é prever e prevenir lesões.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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