Negócios suspeitos e greve de torcida: as polêmicas de Textor no exterior
A acusação (sem apresentação de provas) de que jogadores de Fortaleza e São Paulo foram derrotados propositalmente pelo Palmeiras para ajudar o clube paulista a ser bicampeão brasileiro em 2022 e 2023 é só a mais recente "bomba" saída da boca de John Textor.
O proprietário da SAF que administra o futebol do Botafogo é uma verdadeira máquina de criar polêmicas e produzir situações desconfortáveis. E essa habilidade não fica restrita à bola jogada no Brasil.
O empresário norte-americano também é dono do Lyon (França) e do Molenbeek (Bélgica). Além disso, possui ainda uma participação minoritária no Crystal Palace (Inglaterra). Em todos os clubes do seu portfólio de investimentos, já deu mostras do seu "jeitinho" nada discreto de administrar futebol.
Transferências suspeitas
Textor tem trabalhado no limite da legalidade nas transações entre os clubes que estão sob sua administração. Na última janela de transferências, vendeu ao Lyon o goleiro Lucas Perri e o zagueiro Adryelson, destaques do Botafogo que haviam sido recentemente convocados para a seleção, por valores bem abaixo da realidade de mercado: só 6,4 milhões de euros (R$ 34,9 milhões). Além disso, quando o Lyon estava proibido de investir em reforços, usou o Molenbeek para gastar 25 milhões de euros (R$ 136,2 milhões) no atacante ganense Ernest Nuamah e, na sequência, emprestá-lo gratuitamente ao clube francês. Essa transação chegou até mesmo a ser investigada pela Fifa.
Proibido de investir
O Lyon passou a primeira metade da temporada 2023/24 proibido de gastar com reforços e ampliar sua folha salarial devido a uma punição aplicada pelo órgão regulador do futebol francês. O DNCG alegou que o clube de Textor não apresentou garantias financeiras de que conseguiria arcar com as despesas relativas aos 12 meses seguintes devido a uma divergência entre os orçamentos apresentados pelo investidor norte-americano e pelo ex-presidente Jean-Michael Aulas. Em manobra contábil para tentar aumentar o capital do Lyon e encerrar a pena, Textor repassou as ações da SAF do Botafogo, que estavam no nome da sua empresa, ao clube francês.
Briga com torcedores
Cinco dias antes do início desta temporada do Campeonato Belga, Textor resolveu fazer uma "limpa" na diretoria do Molenbeek. Entre os vários demitidos, estava o presidente Thierry Dailly, que estava no cargo há oito anos e era muito querido pela torcida. A mudança na gestão enfureceu os ultras (equivalente europeu das organizadas), que chegaram a ameaçar entrar em greve se a decisão não fosse revogada. Textor, no entanto, peitou a torcida e não voltou atrás. Hoje, com a diretoria escolhida pelo norte-americano, o Molenbeek é lanterna na Bélgica e favorito para ser rebaixado à segunda divisão.
Acusação de calote
Também no meio do ano passado, o Molenbeek correu risco de ser punido pela Fifa com um Transfer Ban, ou seja, proibição de contratação de novos jogadores durante uma, duas ou mais janelas de transferências. Na época, o clube belga estava sendo acusado de ter dado calote em outra equipe do país (Oostende) pelo atacante Mickael Biron. A equipe de Textor admitiu que ainda estava devendo 605 mil euros (R$ 3,3 milhões) relativos à compra dos direitos econômicos do jogador e que providenciaria o pagamento. Com o acordo, a suspensão acabou não se concretizando.
Técnico demitido após agressão
No final de outubro, o ônibus do Lyon foi atacado por torcedores do Olympique de Marselha antes do clássico entre os dois clubes. Quem se deu mal com a chuva de pedradas foi o treinador Fabio Grosso, que foi atingido no rosto e precisou receber pontos no supercílio. Três jogos depois do ataque, Textor resolveu que havia chegado a hora de mudar a comissão técnica. Apesar da fase ruim que o Lyon enfrentava dentro de campo, a decisão de mandar o italiano embora foi duramente criticada por causa do "timing".
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