Rafael Reis

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Opinião

Tem que ser muito racista para não ver Vini como candidato a Bola de Ouro

É cedo para cravar que Vinícius Júnior é o melhor jogador de futebol do planeta em 2023/24.

Esse título só poderá ser dado com exatidão a algum atleta depois da disputa das três últimas partidas da Liga dos Campeões da Europa e da intensa pós-temporada de seleções deste ano, com Eurocopa e Copa América.

Mas, pelo que tem mostrado na reta decisiva da Champions e pelo protagonismo assumido no caminho que pode levar o Real Madrid a seu 15º título continental, o brasileiro precisa ser tratado como um candidato real à Bola de Ouro (France Football) e ao The Best (Fifa).

E, lamento informar que, se você não acha que Vini está com essa bola toda, a culpa é do racismo, não apenas daquele existente dentro de você, mas também o do sistema de informações que te alimenta diariamente.

Destruição de reputação

O camisa 7 do Real não deixará de ser escolhido como craque máximo do planeta por causa da cor da sua pele. O francês Kylian Mbappé e o inglês Jude Bellingham, outros possíveis vencedores desta temporada, também são negros.

Além disso, esses prêmios já foram entregues em anos anteriores a atletas de pele tão escura quanto a do brasileiro, caso do liberiano George Weah, o cara do futebol mundial em 1995.

O que difere Vini dos outros negros candidatos a melhor do planeta é que ele cansou de sofrer calado, resolveu peitar o preconceito de frente e transformou a luta contra o racismo em uma bandeira exposta a cada jogo e entrevista. E esse movimentado tem incomodado muita gente.

A reação do sistema racista tem sido avassaladora ao desacreditar o atacante e rotulá-lo como alguém desequilibrado psicologicamente, arrogante, mimado, chiliquento, mimizento e que deixou o futebol em segundo plano.

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Essa destruição de reputação é vista com frequência: aparece em diversas falas de jornalistas (especialmente, os espanhóis), em declarações de jogadores, técnicos e dirigentes adversários e em postagens de torcedores nas redes sociais.

O pior é que essa imagem cola, mesmo que não corresponda à verdade, e faz muita gente relativizar (ou mesmo, minimizar) os feitos dentro de campo do astro do Real.

A temporada especial de Vini

Com 21 gols marcados e 11 assistências distribuídas pela equipe espanhola, Vini ostenta nesta temporada números inferiores aos de Mbappé (43 gols e 10 assistências) e Harry Kane (43 gols e 11 assistências).

No entanto, diferente dos seus principais rivais aos prêmios de melhor da temporada, o brasileiro tem brilhado na hora da verdade e dado show em todos os mata-matas da Champions.

Vini foi quem fez o gol da classificação do Real contra o RB Leipzig, nas oitavas de final, participou ativamente de dois dos quatro tentos marcados ante o Manchester City, nas quartas, e meteu duas bolas nas redes no empate por 2 a 2 com o Bayern de Munique, terça-feira, no jogo de ida das semifinais.

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Jejum brasileiro

Apesar de não conquistar nenhum título de melhor jogador do mundo há mais de 15 anos, desde a vitória de Kaká em 2007, o Brasil tem muita tradição nas eleições do gênero.

Desde o começo da década de 1990, quando a Fifa criou seu prêmio e brasileiros puderam começar a vencer a eleição de melhor do mundo (a Bola de Ouro era inicialmente restrita a europeus), cinco atletas do país foram consagrados.

Romário ganhou em 1994, Ronaldo Fenômeno foi tricampeão em 1996, 1997 e 2002, Rivaldo levou a melhor em 1999, Ronaldinho emendou as conquistas de 2004 e 2005 e Kaká desbancou Messi e CR7 em 2007.

Atualmente, tanto a Bola de Ouro quanto o The Best estão nas mãos de Messi, o maior vencedor de prêmios de melhor do planeta de todos os tempos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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