Rafael Reis

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Reportagem

Candidato a craque da Euro é filho de refugiados que cruzaram o Saara a pé

Se Nico Williams vive hoje o sonho de ser um dos melhores jogadores da Eurocopa-2024 é porque seus pais resolveram cruzar o deserto do Saara, o maior do planeta, em busca de uma vida melhor para a família.

O atacante da seleção espanhola, que enfrenta a França, a partir das 16h (de Brasília), em Munique, por vaga na decisão do torneio continental, é filho de refugiados que enfrentaram fome, sede, temperaturas de até 50º C, queimaduras e até a prisão pelos filhos.

Aos 21 anos, o camisa 11 vive uma Euro mágica: é visto como o grande destaque individual da única equipe que venceu todos os jogos que disputou. Ele já fez gol, já deu assistência e desponta como forte candidato à Bola de Ouro da competição.

Travessia

Natural de Pamplona, cidade espanhola conhecida no futebol por ser a casa do Osasuna, Nico é filho de pai e mãe ganeses, que fugiram da África em 1994 por conta da Primeira Guerra Civil da Libéria.

Para chegarem à Europa, os pais do atacante precisaram percorrer mais de 4 mil quilômetros. A maior parte da viagem foi percorrida na caçamba de uma caminhonete. No entanto, a parte mais dura desse percurso, a travessia do Saara, foi feita a pé, com eles descalços e sem reserva de água e alimentos para encarar as durezas das altas temperaturas que enfrentaram.

Depois que alcançaram a fronteira de Marrocos com a Espanha, ainda ficaram presos na imigração por vários dias até conseguirem, com ajuda de uma instituição humanitária, um asilo político para residir no país europeu.

Os Williams se estabeleceram no País Basco, comunidade autônoma localizada no nordeste da Espanha. E seus dois filhos que se tornaram jogadores de futebol (Nico e Iñaki) hoje defendem as cores do clube mais tradicional da região, o Athletic Bilbao.

Alvo de racismo

Apesar de ter nascido na Espanha e de ser um jogador de sucesso no país, Nico enfrenta racismo na terra que tantas vezes maltratou também o brasileiro Vinícius Jr. (Real Madrid).

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O caso mais famoso aconteceu no último mês de abril, quando sofreu um ataque da torcida do Atlético de Madri. O atacante se preparava para cobrar um escanteio no estádio Cívitas Metropolitano, na capital espanhola, quando ouviu um insulto vindo da arquibancada.

A partida chegou a ser paralisada e, a partir daí, o jogador passou a conviver com vaias a cada toque na bola. Ao marcar um gol que levava o Athletic ao empate, correu em direção à torcida adversária gritando e apontando para o braço, exaltando sua cor de pele.

Prioridade do Barcelona

Especialmente despois do destaque obtido na Euro, Nico é o principal alvo do Barcelona nesta janela de transferências.

O contrato do atacante com o Athletic Bilbao conta com uma cláusula de rescisão de 58 milhões de euros (R$ 345,4 milhões). Os catalães agora tentam convencer os bascos a aceitar uma quantia um pouco inferior para fechar negócio.

O problema para o Barça é que, a cada boa atuação de Nico, aumenta a possibilidade de outros clubes importantes do Velho Continente entrarem na briga pelo jogador. Veículos da imprensa inglesa afirmam que o Chelsea pode abrir negociações para contar com o espanhol.

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