Reforços aleatórios: como 'contratações de FM' tomaram conta do Brasileirão
O Grêmio tem um atacante nascido na Dinamarca e que, até dois anos atrás, defendia o Barcelona. O maior ídolo do Criciúma é congolês e ficou conhecido quando jogador na Premier League inglesa. O Corinthians decidiu reforçar seu sistema ofensivo com um centroavante espanhol acostumado a atuar na terceira divisão de lá.
Quem lidera a defesa do Botafogo é um angolano que já vestiu as cores da Lazio. E a equipe carioca ainda conta com um jovem meia francês no seu elenco. Já o modesto Atlético-GO apresentou recentemente um atacante da Costa Rica que foi tratado no passado como uma grande aposta do Arsenal. Por fim, o São Paulo encerrou sua atuação no Mercado da Bola com um lateral norte-irlandês que fazia parte do elenco do Newcastle.
Definitivamente, foi-se o tempo em que os jogadores dos outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Colômbia, eram os únicos reforços estrangeiros ao alcance dos clubes brasileiros.
Nossos vizinhos ainda são maioria por aqui (120 dos 130 gringos em ação na Série A são naturais de países filiados à Conmebol). Mas cada vez mais os participantes da Série A estão explorando outros mercados e aderindo a negociações vistas como incomuns pelos torcedores brasileiros.
Classificação e jogos
Nas redes sociais, essas transações surpreendentes e até um tanto quanto aleatórias costumam ser chamadas por um apelido carinhoso. Elas são as "contratações de FM".
O que é o FM?
FM é a sigla de Football Manager, uma série de games de sucesso mundial que simulam o funcionamento de um clube de futebol.
Nesse jogo, que recebe novas edições anuais há duas décadas, o usuário tem poderes plenos e assume a responsabilidade de fazer toda a gestão da equipe escolhida: define elenco, acerta contratos, monta treinamentos, escala o time e faz as substituições necessárias durante as partidas.
Como não há a necessidade de ser realista no comportamento do seu clube no Mercado da Bola, os jogadores costumam usar a imaginação na busca por reforços e buscar atletas interessantes em qualquer canto do mundo. Ou seja, o game é um prato cheio para se fazer contratações aleatórias.
Mercado globalizado
O Brasileirão começou a se transformar em uma liga com cara de FM quando os clubes participantes perceberam que as boas oportunidades de negócio não estão restritas aos territórios que já conheciam e resolveram mergulhar no mercado globalizado.
A instituição das SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), com entrada de capital estrangeiro em algumas equipes, e o fenômeno da multipropriedade de clubes ajudaram nessa transformação.
O Botafogo, por exemplo, contratou na atual janela de transferências (que termina hoje) o meia francês Mohamed El Arouch porque ele estava dando mole no Lyon. E o Lyon pertence ao mesmo dono da SAF que administra a equipe brasileira, o fundo de investimentos liderado pelo norte-americano John Textor.
A melhoria nas condições econômicas dos times do país pentacampeão mundial também permitiu que eles pudessem entrar na disputa com Oriente Médio, Estados Unidos e Turquia por veteranos conhecidos na Europa em reta final de carreira.
Foi assim que o congolês Yannick Bolasie, que rodou bastante pela elite do futebol inglês, e o dinamarquês Martin Braithwaite, ex-companheiro de Lionel Messi no Barcelona, foram parar no Criciúma e no Grêmio, respectivamente.
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Héctor Hernández (A, ESP): Corinthians
Jamal Lewis (LE, IRN): São Paulo
Joel Campbell (A, CRI): Atlético-GO
Martin Braithwaite (A, DIN): Grêmio
Mohamed El Arouch (M, FRA): Botafogo
Yannick Bolasie (A, RDC): Criciúma
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