Como dinheiro da Arábia Saudita virou ameaça ao futuro da seleção
Terceiro goleiro da seleção, Bento é seis anos mais novo que Alisson e Ederson. Por conta dessa diferença de idade, é natural que ele seja tratado como opção natural para assumir a meta brasileira quando os atuais titular e reserva imediato entrarem em declínio.
Mas esse caminho lógico ganhou um enorme ponto de interrogação com a decisão do paranaense de deixar o Athletico-PR não para atuar no primeiro escalão do futebol europeu (chegou a ser sondado até pela Inter de Milão), mas sim na Arábia Saudita.
O agora companheiro de Cristiano Ronaldo no Al-Nassr continua sendo convocado, mas já não é mais uma aposta tão concreta assim para o futuro. Há dúvidas se ele continuará evoluindo em uma liga de menor competitividade e se conseguirá competir em pé de igualdade com outros nomes da posição que realmente estejam jogando na elite.
O problema para a seleção é que Bento não é um caso isolado. Depois de um primeiro momento em que se encheu de craques internacionalmente conhecidos, a liga saudita resolveu agora concentrar seus investimentos em jovens brasileiros... ou seja, no futuro da equipe pentacampeã mundial.
Ameaça ao futuro
Das 20 contratações mais caras da Arábia na recém-encerrada janela de transferências, nada menos que seis foram de jogadores do país do futebol. E Bento, aos 25 anos, é o mais velho desses reforços.
Neste Mercado da Bola, o Al-Hilal contratou o atacante Marcos Leonardo (Benfica), o Al-Nassr se reforçou com os pontas Ângelo (Chelsea) e Wesley (Corinthians) e o Al-Ahli buscou o volante Alexsander (Fluminense).
Os quatro garotos têm passagem por seleções de base, o que, pelo menos em tese, é uma credencial para futura convocação caso evoluam da forma esperada.
O caso Ibañez
A preocupação com um possível "desperdício" de Bento e de outros futuros candidatos à seleção não é à toa. E o caso do zagueiro Roger Ibañez deixa isso bem explícito.
O defensor revelado pelo Fluminense quase foi para a Copa do Qatar-2022 e era uma das certezas para o ciclo do Mundial-2026. Ele esteve nas três primeiras convocações do ano passado e chegou a ser titular no amistoso contra Marrocos.
Mas, depois que foi embora da Itália (Roma) para jogar no Al-Ahli, da Arábia, Ibañez desapareceu do mapa da CBF. Embora seja titular absoluto no Oriente Médio, seu nome nem sequer é mais lembrado como uma opção para a seleção. E ele tem só 25 anos.
Não é só o Brasil que se preocupa
A preocupação com o êxodo de jogadores talentosos para a Arábia não é uma preocupação exclusivamente brasileira.
Na semana passada, o técnico da Holanda, Ronald Koeman, afirmou que a decisão do atacante Steven Bergwijn de se transferir para o Al-Ittihad significa o "fim da sua carreira na seleção" por ser um negócio que pensa apenas no lado financeiro, e não na necessidade de se manter em alto rendimento.
"Cada jogador precisa mostrar que está no auge, jogando nas melhores ligas. Essa é a nossa filosofia e vai continuar assim", justificou o ex-comandante do Barcelona.
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