Rafael Reis

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Novos ares: ex-repórter do UOL conta como virou tradutor no futebol russo

Os goleiros do Khimki, time que disputa a primeira divisão do Campeonato Russo, dependem de um ex-repórter do UOL Esporte para entender as orientações do preparador espanhol responsável por seus treinamentos.

Os oito jogadores latinos do clube também ficariam perdidinhos se não fosse a intermediação feita pelo jornalista brasileiro durante as entrevistas que precisam dar para a imprensa da terra de Vladimir Putin.

Aos 37 anos, o paulista Fábio Aleixo deixou para trás a rotina de escrever reportagens e produzir vídeos para se dedicar a uma nova e diferente missão: ser o único tradutor estrangeiro em atividade em um clube de futebol da elite da Rússia.

Copa-2018 foi divisor de águas

Aleixo trabalhou no UOL por cerca de três anos, entre agosto de 2014 e abril de 2017. Na maior parte do tempo, escreveu sobre esportes olímpicos, sua especialidade na época. Também fez reportagens especiais e produziu matérias sobre cobertura esportiva na TV.

Quando deixou o veículo, já se sentia pronto para sua maior aventura: viajar à Rússia e se preparar para cobrir in loco a Copa do Mundo-2018.

"Comecei a estudar russo ainda aí no Brasil, em 2014, já pensando na Copa. Em 2017, vim para cá fazer um curso e passei quatro meses estudando o idioma. No ano seguinte, voltei para trabalhar no Mundial [pela Folha de S. Paulo]", contou, em entrevista por telefone ao "Blog do Rafael Reis".

Mas, ao contrário dos outros profissionais que deixaram a Rússia logo que a França se sagrou bicampeã mundial em 2018, Aleixo fixou residência em Moscou. E de lá não saiu mais.

"Na época da Copa, era normal ver jornalistas estrangeiros nos jogos do Campeonato Russo. Depois, foi ficando cada vez mais raro até que só sobrou eu."

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Fazendo contatos

Ao longo dos últimos seis anos, o jornalista brasileiro teve uma rotina quase espartana de acompanhar nos estádios de duas a três partidas por fim de semana.

Essa presença assídua nos jogos serviu para alimentar seus projetos profissionais independentes (utiliza contas de redes sociais para informar os brasileiros sobre futebol russo e tem um canal no YouTube sobre futebol sul-americano para torcedores russos) e também para construir uma valiosa rede de contatos.

"Fiquei conhecido entre os jornalistas locais. E muitas vezes já ajudava eles traduzindo entrevistas de jogadores brasileiros ou que falavam espanhol."

Mudando de vida

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Imagem: Divulgação
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No começo do ano, apareceu o convite que mudou completamente a vida de Aleixo e lhe permitiu ingressar em uma nova profissão.

"O Rodina [da segunda divisão] queria contratar um jogador brasileiro, o Orinho, lateral direito ex-Santos. Mas ninguém do seu estafe falava russo. Então, o clube me convidou para trabalhar como tradutor na negociação. E participei de todas as reuniões pelo Zoom", relembrou.

Encerrada a atuação no Mercado da Bola, Aleixo foi convidado para continuar ajudando no dia a dia do clube. Como já existia um tradutor oficial por lá, ele foi fazer trabalhos paralelos, como dar uma mão para a nutricionista argentina que cuidava da alimentação dos jogadores.

A promessa do Rodina é que o brasileiro seria efetivado caso o clube conseguisse a promoção para a primeira divisão. Como o acesso não veio, o jornalista achou que sua aventura terminaria por ali mesmo.

"Só que o Orinho foi para o Khimki e a comissão técnica espanhola que trabalhava no Rodina, também. Aí, dois meses atrás, acabaram me ligando e convidando para ir junto com eles. O clube já tem um outro tradutor, local, que passa tudo do russo para o inglês e vice-versa. Eu fico mais com os goleiros e com os jogadores que não entendem inglês, os que falam espanhol e português."

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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