Antes de estreia na Champions, albanesa luta contra rótulo de árbitra sexy

'Deveriam se concentrar no meu profissionalismo'

Em entrevista ao jornal espanhol "Marca", a albanesa reclamou de quem a trata apenas como um rostinho bonito, e não como uma árbitra capaz de comandar jogos de competições de primeiro escalão.

"Eles deveriam se concentrar mais no meu profissionalismo do que em outras coisas. Você tem que lutar muito para ser aceito. Precisa explodir o teto de vidro em pedaços", afirmou Rusta, que se divide entre o apito e as aulas de educação física para estudantes de ensino médio.

"A arbitragem não é uma questão de gênero, mas de competência. Para tomar boas decisões, você precisa conhecer perfeitamente as regras do jogo, mas também estar em forma física e ter uma grande capacidade de concentração."

'Árbitra que aumenta a temperatura'

Entre as manchetes que irritaram a albanesa nas últimas semanas estava uma em que falava que ela iria "aumentar a temperatura" do confronto entre Real e Sporting.

Dois anos atrás, quando foi escalada para trabalhar em uma partida da Champions feminina como quarta árbitra, Rusta já havia sentido de perto o peso do machismo na cobertura feita pela imprensa esportiva.

Na ocasião, apesar de sequer ter pisado no campo de jogo e de não ter tido nenhuma decisão que ajudou na definição do resultado, foi publicado que ela "roubou a cena" da partida.

"Espero que não esteja longe o dia em que haja quatro mulheres arbitrando uma partida na categoria masculina principal."

Jogadora mais sexy

Ser conhecida pela beleza e sensualidade no meio do futebol infelizmente não é uma exclusividade de Rusta.

A atacante croata Ana Markovic, do Braga, costuma ser chamada de "jogadora mais sexy do mundo" e também vive reclamando do rótulo que já há acompanha há pelo menos dois ou três anos.

Em 2001, o regulamento do Campeonato Paulista feminino dizia claramente que os uniformes dos clubes deveriam exaltar a "beleza e sensualidade" das jogadoras. Seis anos antes, a então atacante Bel, do Inter e da seleção brasileira, posou nua para a revista "Playboy."

A goleira Hope Solo também teve de conviver durante toda sua carreira com o rótulo de musa, apesar de ter conquistado duas medalhas olímpicas de ouro (Pequim-2008 e Londres-2012) e um título mundial (2015) com a seleção norte-americana.