Rafael Reis

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México, menos vagas: como a Libertadores pode conter domínio do Brasil

Atlético-MG e Botafogo decidem neste sábado, no Más Monumental, em Buenos Aires, qual será o time responsável por dar o sexto título consecutivo de Copa Libertadores da América ao Brasil.

Desde 2019, apenas o futebol pentacampeão mundial levanta o troféu da competição interclubes mais importante do continente. Foram duas conquistas do Flamengo, duas do Palmeiras e uma do Fluminense.

Em 64 anos de história, a Libertadores nunca passou tanto tempo sendo dominada por times de um mesmo país quanto agora. Nem mesmo a Argentina, hegemônica nas décadas de 1960 e 1970, passou tanto tempo assim só ganhando.

A sequência de títulos dos clubes brasileiros incomoda (e muito) os outros países sul-americanos. Por isso, é até natural que a Conmebol sofra pressão para alterar as regras da competição na tentativa de brecar essa hegemonia.

O "Blog do Rafael Reis" apresenta abaixo algumas medidas que a organização da Libertadores poderia tomar para dificultar a vida dos times da terra de Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo e Ronaldinho.

Clubes mexicanos

Esse é um desejo bem comum de quem sonha ver a Libertadores cada vez mais forte. As equipes mexicanas participaram do torneio pela última vez em 2016. E, desde então, torcedores pedem nas redes sociais para que eles retornem à disputa. Há ainda os que querem que a Libertadores se funda com a Concachampions a fim de permitir também a presença dos times da MLS (Major League Soccer). Qualquer movimentação nesse sentido aumentaria o grau de dificuldade para os brasileiros. Vale lembrar que, em 2020, foi um representante do México (Tigres) que impediu o Palmeiras de chegar à final do Mundial de Clubes.

Menos vagas

Anualmente, o Brasil tem direito a sete vagas na Libertadores. Mas, dependendo dos resultados das competições continentais da temporada anterior, esse número pode chegar a nove. Na prática, isso significa que até 20% dos times participantes do torneio podem ser brasileiros. Nenhuma outra competição continental do mundo tem uma concentração tão alta assim de equipes oriundas de um único país. E qualquer pessoa com o mínimo conhecimento de matemática sabe que quanto mais times uma nação possui em um torneio maior é a chance de ela ser a vencedora. É verdade que diminuir a presença brasileira na Libertadores certamente diminuiria o faturamento da Conmebol, mas poderia torná-la menos previsível.

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Menos inscritos

Por conta da pandemia, a Conmebol passou a permitir que cada clube inscreva 50 jogadores na Libertadores. Mas as restrições sociais provocadas pela Covid foram embora, e essa regra não foi revista. Como quem tem mais dinheiro possui condições de manter elencos mais numerosos, esse inchaço acaba beneficiando os brasileiros, cujo poderio econômico é superior ao dos vizinhos. Se o limite de inscritos fosse reduzido pela metade, por exemplo, as equipes mais pobres veriam essa desvantagem se diluir um pouco.

Limite de estrangeiros

O domínio na Libertadores é também reflexo do processo de canibalização do mercado sul-americano. Cada vez mais os clubes brasileiros aproveitam a vantagem econômica que possuem para reforçar seus elencos com destaques de Argentina, Uruguai, Colômbia e cia. Se a Conmebol limitasse o uso de jogadores estrangeiros na sua competição (inscritos ou mesmo levados a campo em cada partida), e esse fluxo de transferência de talentos perderia vigor. O Brasil seria o maior prejudicado pela medida, e os times dos outros países provavelmente ficariam um pouco mais fortes.

Sorteios dirigidos

Hoje em dia, não existe nenhum tipo de direcionamento nos sorteios dos mata-matas decisivos da Libertadores. Todos os primeiros colocados da fase de grupos podem enfrentar nas oitavas de final todas as equipes que terminaram na segunda posição de suas chaves. Mas, caso queira, a organização pode mudar essa regra. É possível, por exemplo, obrigar que times do mesmo país se enfrentem se cruzem já nas oitavas, nas quartas ou mesmo nas semifinais. Essa medida poderia evitar finais 100% brasileiras, como aconteceu em quatro das últimas seis decisões sul-americanas.

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