Como o Brasil 'criou' o futebol do Japão, 1ª seleção classificada para Copa
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Primeira seleção a conquistar dentro de campo o direito de disputar a Copa do Mundo 2026, o Japão teve seu futebol praticamente construído pelo Brasil.
Nomes como os tetracampeões César Sampaio, Dunga e Zinho, além de Alcino, Ruy Ramos e, especialmente, Zico foram figuras centrais no processo de profissionalização da modalidade no país, no começo da década 1990.
Vários dos maiores ídolos da história da J-League, como quatro dos seus 12 maiores artilheiros, e um dos técnicos recordistas de títulos (Oswaldo de Oliveira, tricampeão com o Kashima Antlers) foram importados do "país do futebol".
O Japão também já encarou um Mundial com um técnico brasileiro no banco de reservas e utilizou jogadores nascidos "do outro lado do mundo" em suas quatro primeiras participações no torneio.
Fator Zico
O ídolo do Flamengo é uma espécie de pedra fundamental sobre a qual o futebol japonês nasceu, cresceu e se desenvolveu.
Em 1991, o Galinho já estava até aposentado dos gramados quando recebeu uma proposta para desbravar o Japão e ajudar a implantar o futebol no país.
Zico não levou o Kashima Antlerts a nenhum título da J-League nas três temporadas que disputou (1992, 1993 e 1994), mas fez do clube um símbolo do desenvolvimento da modalidade no Oriente.
O brasileiro ainda trabalhou como treinador do time de Kashima em 1999 e, depois que desistiu dessa carreira, retornou para ser diretor-técnico, função que exerceu entre 2018 e 2022.
Ídolo nacional, Zico também dirigiu a seleção japonesa durante os quatro anos do ciclo da Copa do Mundo da Alemanha 2006 e conquistou o título da Copa da Ásia da qual participou (2004).
Nipo-brasileiros
Nas quatro primeiras Copas do Mundo, o Japão levou para o torneio jogadores nascidos no território brasileiro e que viveram o auge de suas carreiras atuando na J-League.
O atacante Wagner Lopes disputou a França 1998. O meia Alex Santos esteve na Coreia do Sul/Japão 2002 e também na Alemanha 2006. E o zagueiro Tulio Tanaka jogou na África do Sul 2010.
Desses, o único que possuía origem nipônica era Tanaka, cuja família paterna é de imigrantes japoneses. Tanto Wagner quanto Alex ganharam a cidadania japonesa devido ao tempo de moradia no país.
E hoje?
Embora o Brasil ainda seja o país estrangeiro com mais jogadores atuando na J-League (51), a influência que ele exerce sobre o futebol do Japão já caiu bastante.
Esta é a segunda temporada consecutiva sem nenhum técnico brasileiro trabalhando na primeira divisão local. E nenhum dos times da elite tem um atleta nascido na terra de Zico como opção número um para o posto de capitão.
A seleção que conquistou a classificação para a Copa 2026 é formada basicamente por jogadores acostumados a atuar no mais alto nível do futebol da Europa. Nada menos que 16 integrantes do elenco jogam por clubes de uma das cinco principais ligas nacionais do Velho Continente (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França).
O Japão tem jogador no Bayern de Munique (o zagueiro Hiroki Ito), no Liverpool (o capitão Wataru Endo) e em mais três times da Premier League inglesa (Yukinari Sugawara, do Southampton, Daichi Kamada, do Crystal Palace, e Kaoru Mitoma, do Brighton).
2 comentários
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Roberto Tatsuya Saito
Seu texto não faz menção ao jogador Rui Ramos. Que é considerado o pioneiro no desenvolvimento do futebol no Japão. Quando ele chegou por lá o esporte ainda era amador. E ele ajudou na profissionalização. Também foi o primeiro estrangeiro a atuar pela seleção japonesa. Seria justo você incluir mais informações sobre o Rui Ramos.
Rdalmeida1
Outro que não foi citado foi o Kazu Miura, que, nos anos 90, era o grande artilheiro da seleção. Quase levou o Japão pra Copa de 94 (perdeu por um capricho do destino, assim como a propria França) e foi o grande responsável pela campanha nas eliminatórias de 96/97 pra estreia na copa de 98, que infelizmente não jogou. Kazu Miura começou a se formar no futebol em times como CRB e Santos... (curiosidade é que joga ate hoje...)