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Renato Mauricio Prado

Quadrangular para salvar a Copa América

Seleção brasileira comemora o gol contra o Peru pela Copa América - Thiago Calil/Agif
Seleção brasileira comemora o gol contra o Peru pela Copa América Imagem: Thiago Calil/Agif

24/06/2019 08h42

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Colossal fiasco de público, embora os dirigentes da Conmebol exibam números que mostram que a competição é um impressionante sucesso de arrecadação (graças aos exorbitantes preços dos ingressos), o que pode salvar esportivamente essa Copa América são semifinais envolvendo Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai.

É verdade que o Chile ainda pode se intrometer nesse quadrangular dos grandes sem chegar a estragá-lo (afinal, é o atual campeão do torneio), mas, pessoalmente, torço pelo quarteto que selecionei acima: Brasil x Argentina, numa das semis, e Colômbia x Uruguai, na outra.

Xô, Venezuela, Peru, Equador, Japão ou Paraguai (os três últimos disputando uma única vaga)! Chega de peladas.

O craque do time

Na goleada da seleção brasileira sobre a peruana, o melhor em campo foi Everton Cebolinha - um dos poucos que ainda atuam por aqui e que chegou ao grupo como reserva de David Neres...

Foi uma boa exibição do time de Tite? Foi, mas, por favor, sem oba-oba. O gol de Casemiro no início do jogo facilitou muito as coisas para o Brasil, por forçar o adversário, tecnicamente limitado, a se abrir para buscar o empate, deixando grandes espaços na defesa e no meio-campo, por onde nasceram os contra-ataques e a goleada.

Incompreensível foi o treinador, com o jogo mais do que decidido, não aproveitar a oportunidade para testar um jovem como Paquetá, preferindo colocar em campo William, um veterano de duas Copas fracassadas - assim como Fernandinho, que, se estiver recuperado, deverá ser o substituo de Casemiro, suspenso por acúmulo de cartões amarelos, quando o ideal seria lançar Allan, que inclusive entrou no lugar do titular, ao final da partida contra o Peru.

Vê-se, com clareza, que Tite é cada vez mais conservador e arraigado ao grupo com que perdeu a Copa da Rússia, sem ter realizado por lá um grande jogo sequer. Mostra-se determinado a provar ao mundo que estava certo e a derrota para a Bélgica não passou de um acidente. Triste papel.

Desfalque que reforça

Já tem gente dizendo que a seleção joga melhor sem Neymar do que com ele. Não chego a tanto. Mas que a ausência do pai do jogador, no hotel, na concentração e até no vestiário (tudo devidamente autorizado por Tite) desanuvia um bocado o ambiente, ah isso desanuvia...

Em tempo: se Neymar estivesse presente, quem sairia do time? Cebolinha é que não poderia ser.

Ainda incógnito

A Argentina venceu e se classificou para as quartas-de-final da Copa América, mas Messi ainda não deu o ar de sua graça. Na vitória sobre o Catar, os melhores da confusa seleção de Scaloni foram os atacantes Lautaro Martinez e Kun Aguero, que fez um golaço, em jogada individual.

La Pulga só apareceu ao isolar na arquibancada uma bola que lhe chegou limpa, dentro da área. É verdade que a redonda quicou, traiçoeiramente, no gramado, segundos antes do chute torto. Mas, no Barcelona, aposto, ele a mataria com classe e a colocaria na gaveta da baliza rival.

Messi e os argentinos vão indo aos trancos e barrancos, mas num eventual confronto com o Brasil, tudo pode mudar. É o tipo de jogo em que retrospectos e atuações anteriores não valem nada. Que o diga a seleção de Lazaroni, na Copa de 90, quando massacrou os hermanos e, num único lance genial de Maradona, foi eliminada pelo gol de Cannigia. Isola...

Clássico carioca

Torcedor não tem jeito mesmo. O gol de Cuellar, com a bola passando entre as pernas de Gatito Fernandes (reservas da Colômbia 1 x 0 Paraguai), provocou uma avalanche de gozações de rubro-negros sobre botafoguenses.

No lucro

Depois de perder nove amistosos seguidos, até que a seleção brasileira feminina de futebol não fez feio, na Copa do Mundo. Lutou bravamente, levando a França, dona da casa e uma das equipes mais fortes do torneio, à prorrogação e só então cedendo a vitória e se despedindo do torneio.

Marta não é mais (nem poderia ser, por causa da idade) sombra da maravilhosa jogadora que foi vice-campeã em duas Olimpíadas (Atenas-2004 e Pequim-2008) e uma Copa (na China, em 2007) e recebeu o título de melhor do mundo seis vezes. Ao marcar, de pênalti, o gol da vitória sobre a Itália, tornou-se a maior artilheira dos Mundiais em todos os tempos, superando a marca de Klose, entre os homens (17 x 16). Já é um feito e tanto.

Quanto ao futebol feminino por aqui, será que finalmente passaremos a valorizar e incentivar a modalidade? Gostaria de apostar que sim, mas, infelizmente, temo que, uma vez mais, não acontecerá.