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Renato Mauricio Prado

Convocação de Pedro é pura demagogia e muita irresponsabilidade

Pedro comemora gol pelo Flamengo contra Athletico-PR - Jorge Rodrigues/AGIF
Pedro comemora gol pelo Flamengo contra Athletico-PR Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

07/11/2020 11h09

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A convocação de Pedro para os jogos da seleção contra a Venezuela e o Uruguai é demagógica e irresponsável. Demagógica, porque não passa de uma resposta aos entusiasmados elogios feitos ao artilheiro, nas últimas semanas, por alguns dos badalados jornalistas que o técnico Tite adora bajular. Irresponsável, porque desfalca o Flamengo no Brasileiro e em jogos importantíssimos de mata-mata, na Copa do Brasil, sem que haja necessidade ou ganho real da seleção.

Seria normal, natural até, que o goleador rubro-negro fosse lembrado caso um dos centroavantes da lista estivesse fora de combate: Firmino ou Gabriel Jesus. Seria ainda aceitável se Richarlison, que também pode ser usado na posição, não pudesse jogar, embora ele tenha sido costumeiramente chamado para o lado do campo.

No lugar de Neymar, é um escárnio. Não faz sentido algum. E o craque do Paris Saint Germain sequer foi desligado, pois há esperanças de que possa atuar na segunda partida, contra os uruguaios. Aliás, se ele tiver condições, Pedro será liberado com antecedência? Duvido.

Parênteses: não me venham com invencionices do tipo, recuar Roberto Firmino pra jogar armando e usar Pedro na frente. Nenhuma variação esdrúxula de funções é capaz de justificar o descalabro dessa convocação fora de hora.

Faz tempo que a CBF deveria ter adotado a paralisação de seus campeonatos nas datas Fifa, como acontece em todo o primeiro mundo do futebol. Isso acabaria com os conflitos. Mas já que não cumpre o prometido (pois o presidente Rogério Caboclo, que acenou com a adoção da medida, roeu a corda), deveria haver um mínimo de bom-senso da comissão técnica para que os clubes daqui não fossem prejudicados, sem necessidade.

Com Firmino, Gabriel Jesus e Richarlison no grupo, Pedro pouco acrescentará à seleção e, muito provavelmente, ficará no banco, entrando, no máximo, alguns minutos. Já no Flamengo, na fase em que está, certamente, fará muita falta, mesmo que Gabriel retorne ao time, como pode acontecer diante do Atlético Mineiro, no próximo domingo. É claro que o artilheiro dos dois últimos Brasileiros ainda precisará de ritmo para voltar a atuar em alto nível.

O primeiro jogo da seleção, nesta fase, é diante da fraquíssima Venezuela, no Morumbi, na próxima sexta-feira. Se houvesse boa vontade e bom-senso da comissão técnica e da CBF, os jogadores que atuam no Brasil poderiam ser liberados para jogar no meio de semana. É isso que o Flamengo ainda pleiteia. Mas, que nenhum rubro-negro se iluda, suas chances de sucesso são equivalentes às do Sargento Garcia prender o Zorro.

Por essas e por outras é que há, cada vez mais, torcedores dizendo que não suportam a seleção e seu treinador de fala empolada e atitudes indefensáveis. Pobre futebol brasileiro.