Topo

Renato Mauricio Prado

Pergunta aos alvinegros: esse é o pior Botafogo de todos os tempos?

Warley, atacante do Botafogo, conduz a bola em duelo com o São Paulo, no Morumbi - Vitor Silva/Botafogo
Warley, atacante do Botafogo, conduz a bola em duelo com o São Paulo, no Morumbi Imagem: Vitor Silva/Botafogo

10/12/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Cresci vendo um dos maiores times da história do Botafogo: Manga (Cao), Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gérson; Rogério, Jairzinho, Roberto e Paulo César. O técnico era um jovem Zagallo. Foi Bi-Bi, como a torcida o chamava: bicampeão carioca e bicampeão da Taça Guanabara (então, uma competição à parte), em 1967/68. Era um pesadelo para os torcedores dos outros clubes, como eu. Mas um espetáculo para os que gostavam do futebol arte, também como eu.

Antes desse, General Severiano já hospedara outro esquadrão impressionante e igualmente vitorioso, em 1962/1963 - talvez até mais forte tecnicamente, por contar com Garrincha (no auge), Didi, Nílton Santos, Amarildo, Quarentinha e outros. Esse timaço, entretanto (o grande adversário do Santos de Pelé), não vi bem, pois era muito criança. Já o de 67/68, acompanhei de perto, das saudosas arquibancadas de cimento do então maior estádio do mundo.

Me lembrei melancolicamente desses dois formidáveis esquadrões, os melhores que envergaram a gloriosa camisa da estrela solitária, ao assistir à sexta derrota consecutiva do Botafogo no Brasileirão, igualando a pior marca do clube no torneio, acontecida em 2014, quando aconteceu o seu segundo rebaixamento. O terceiro, agora, é praticamente certo. Ou alguém, em sã consciência, acredita em milagre?

Será este o pior Botafogo de todos os tempos? Durante a goleada do São Paulo, no Morumbi, fiz a pergunta a alguns amigos alvinegros. Lembrei-os até que já tiveram um ataque folclórico, formado por Cremílson, Puruca e Tiquinho, durante o jejum de 21 anos sem vencer um Estadual (1968 a 1989). Vale ler algumas das respostas:

"Já vi times piores jogando menos mal, Renato. Este é o time mais desalmado que me lembro" - respondeu-me Arthur Dapieve, amigo e companheiro durante décadas, no Globo.

"O time do Brasileirão de 2002 também era muito ruim, amigo. Mas esse é o mais deprimente, entregue, sem alma. É a cara da derrota" - disse-me Cláudio Portella, jornalista com quem trabalhei no Fox Sports.

"Já vi piores Renato, nos terríveis anos 80 de Marechal Hermes, mas esse time é o reflexo dessa diretoria medonha que destruiu a S.A. Eles estão vendo o que acontece fora de campo. É terra arrasada" - foi a opinião de Júlio Cézar Coimbra, o Homem-Morcego, que foi colunista do Extra, nos tempos em que eu dirigia o jornal.

Sinceramente, eu não me recordo de ver o outrora Glorioso em situação tão desastrosa e deprimente. A diretoria é incompetente, o elenco é tecnicamente fraquíssimo, os reforços "internacionais" (Honda e Kalou) não somaram bulhufas, a não ser na folha de pagamento, e a insana troca de técnicos (pode haver situação mais ridícula do que a que protagonizaram com Ramon Diaz?) deixou o time sem esquema, sem escalação titular definida, sem nada.

Eu, sinceramente, nunca vi o clube tão destruído e um time tão ruim, tão indigno da história gloriosa de um clube que foi base das seleções brasileiras campeãs do mundo em 1958, 62 e 70. E vocês, botafoguenses? O que me dizem?

Campeonato bunda de fora

Não poderia haver cena mais característica do Estadual do Rubinho do que a comemoração do jogador Emerson Carioca, do Sampaio Correia, com a bunda de fora, após marcar o gol da vitória e da classificação de seu time contra o Maricá. Desde já, tornou-se uma atração de um dos campeonatos mais desmoralizados do país.