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Renato Mauricio Prado

Flamengo tem que começar a procurar técnico para 2021. Ceni não dá

Rogério Ceni comanda o Flamengo contra o Bahia, em jogo do Brasileirão - Jorge Rodrigues/AGIF
Rogério Ceni comanda o Flamengo contra o Bahia, em jogo do Brasileirão Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

07/01/2021 03h14

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Rogério Ceni começou a se despedir do Flamengo no Fla-Flu. A derrota para um adversário tecnicamente bem mais fraco, massacrado no primeiro tempo e ressuscitado no segundo, graças ao absurdo e inexplicável recuo do time rubro-negro, na volta do intervalo, é prova cabal de que ele ainda não está pronto para dirigir um clube gigante, com um elenco milionário como o que tem nas mãos e não consegue fazer jogar.

A desculpa de pouco tempo para treinar não existe mais. Desde que foi eliminado na Copa do Brasil e na Libertadores (fracassos que aconteceram já sob o seu comando), Ceni tem tido seguidas semanas livres para preparar a equipe e os resultados não aparecem: vide o melancólico empate com o Fortaleza e a inaceitável virada sofrida no Fla-Flu, numa rodada na qual, graças ao tropeço do São Paulo, teve a grande oportunidade de voltar a lutar pelo octacampeonato dependendo apenas de si e a desperdiçou.

Técnico do Flamengo não pode querer defender um placar de 1 a 0, durante 45 minutos, apostando nos contra-ataques para garantir os três pontos. A estratégia seria aceitável no Fortaleza, onde vinha fazendo bom trabalho com um elenco limitado. É postura típica de time pequeno. Inadmissível num gigante como o rubro-negro carioca, dono do maior orçamento do futebol brasileiro e de um elenco reconhecidamente estelar.

Com o recuo do Fla, o Fluminense, que fora completamente sufocado no primeiro tempo, ganhou o fôlego que necessitava, cresceu na partida e, apesar de todas as deficiências de seu elenco, acabou criando diversas oportunidades para marcar, antes mesmo de consumar a virada, já nos acréscimos, em falha bisonha de Filipe Luís.

Rogério Ceni, aliás, cometeu todos os equívocos possíveis na noite da última quarta-feira. A começar pela absurda insistência em manter Éverton Ribeiro no time - desde que voltou da seleção brasileira, o atual capitão não joga bulhufas. Com ele em campo, o Flamengo tem atuado com um a menos. E, inexplicavelmente, não sai da equipe e só é substituído nos últimos minutos!

Pedro, evidentemente, tem que ser titular. Cabe a Ceni encontrar a melhor forma de encaixá-lo na equipe. O que não dá é pra deixá-lo no banco, em um time que se farta de desperdiçar tantas oportunidades claras para marcar. No Fla-Flu, com a necessidade absoluta da vitória, deveria ter entrado no lugar de Éverton Ribeiro e não no de Gabigol, como optou o treinador. Aliás, suas escolhas, como de hábito, são quase sempre incompreensíveis.

Natan falhou, sim, numa saída de bola e seu erro quase resultou num gol do Fluminense. Mas retirá-lo de campo, logo depois, e recuar William Arão para a zaga foi uma atitude de uma covardia ímpar com o jovem e promissor zagueiro. Coisa capaz de queimá-lo. Não duvido que, no próximo jogo, seja promovida a volta de Gustavo Henrique ou Léo Pereira.

A cada dia fica mais notória a resistência de Rogério em utilizar os jovens da base. Só isso pode explicar a insistência com o medíocre Renê, em detrimento do talentoso Ramon, que continua jogando pelo sub-20. Da forma como Filipe Luís vem falhando (o lance do segundo gol tricolor que o diga), o jovem já deveria ter tido uma chance entre os titulares.

O saldo de mais uma rodada extremamente decepcionante para os torcedores rubro-negros é que, embora a matemática indique que o Flamengo ainda tem chances de lutar pelo título brasileiro, o futebol que a equipe vem jogando não permite ilusões. Como aliás, reconheceu, envergonhado, o próprio Arrascaeta:

- Assim, a gente não merece ser campeão.

Não, mesmo. Com Rogério, o Flamengo perdeu a Copa do Brasil, a Libertadores e, agora, o Brasileiro. Está na hora de começar a procurar um treinador à altura do time e do milionário investimento que foi feito e, desde que Jorge Jesus saiu, não dá resultado algum. O ano de 2020 (que ainda não acabou futebolisticamente) está perdido. Que se salve o de 2021. A aposta em Ceni até parecia boa. Mas deu com os burros n'água.