Xadrez tático à vista. Santos e Palmeiras farão final sem favorito
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Quando o Palmeiras derrotou o River Plate, por 3 a 0, na semana passada em Avellaneda, achei que tinha pintado o campeão da Libertadores. Ledo engano. A péssima atuação do time de Abel Ferreira, no baile que levou da equipe de Gallardo, na dramática classificação, com derrota, no Allianz Parque, mostrou que não era bem assim. E, no dia seguinte, a exuberante apresentação do Santos, vencendo o Boca Juniors por 3 a 0, na Vila Belmiro, ratificou que a final, realmente, não tem favorito.
Dominantes desde a fase de grupos, o Verdão fez a melhor campanha e o Peixe, a segunda. Ambos com cinco vitórias e um empate; o saldo de gols decidiu quem ficou na frente. Detalhe importante e decisivo: ambos trocaram de treinador durante a competição. O Palmeiras se livrou de Vanderlei Luxemburgo e o Santos do português Jesualdo Ferreira.
Parêntesis: alguém, em sã consciência acredita que teriam chegado à final, se não tivessem feito tais trocas? Pois é. Que sinuca para a turma que defende que os técnicos devem ser mantidos por longo tempo, mesmo que seus trabalhos sejam péssimos, como eram os de Luxemburgo e Jesualdo...
Para a sorte das torcidas palmeirense e santista, Abel Ferreira e Cuca chegaram e mudaram radicalmente o modo de jogar de seus times. Ambos para melhor. Bem melhor. O português tem nas mãos um elenco excelente que, ao contrário do que dizia o seu ultrapassado antecessor, nada tem de "curto". Muito pelo contrário. Sobram boas opções e ainda há uma garotada extremamente talentosa vinda da base.
Cuca, ao contrário, trabalha com um elenco bem menos estelar e numeroso. Mas foi buscar, também na base, uma molecada que se encaixou como luva para complementar um time que tem como principais craques seus dois atacantes de lado de campo: Marinho e Soteldo. O primeiro, então, encontra-se numa temporada encantada. Jogando como nunca. Uma barbaridade.
Pelas características dos dois times, dá pra imaginar um duelo tático interessantíssimo nesta final brasileira. O Santos de Cuca não costuma abrir mão de ditar o ritmo de jogo, como fez exemplarmente diante do Grêmio e do Boca na Vila. Já o Palmeiras de Abel Ferreira teve suas melhores atuações jogando no contra-ataque, como aconteceu na categórica vitória sobre o River Plate, na Argentina. Será este o tom da final?
Talvez, não. Assim como o Palmeiras, o Santos também possui armas para jogar no contra-ataque, puxados pela velocidade de Marinho e Sotelo. E Abel Ferreira pode querer impor o ritmo, com um meio-campo forte com a "meninada": Danilo, Gabriel Menino e Patrick de Paula. Quem sabe até com um armador a mais, como Rafael Veiga. Pelas características dos dois times, tenho a impressão de que a final será uma autêntica partida de xadrez.
Sem favorito, insisto. Ainda que Cuca já mereça, em minha opinião, o título de melhor treinador da temporada. O que está fazendo num Santos conturbado politicamente e com inúmeras limitações ditadas pela indigência financeira do clube é admirável. Um trabalho esplêndido. Digno de chegar ao seu segundo título da Libertadores (o primeiro foi com o Atlético Mineiro de Ronaldinho Gaúcho, em 2013).
Poupar ou não?
Resta ainda uma dúvida: faltam pouco mais de duas semanas para a grande final, no Maracanã. Como os dois treinadores administrarão os jogos, pelo Campeonato Brasileiro, até lá?
Sonho de consumo
Quando Jorge Jesus abandonou o Flamengo, após a conquista do Estadual, Marcelo Gallardo, técnico do River Plate, foi o primeiro procurado para suceder o vitorioso português. Ele declinou, por não querer sair do clube argentino, naquele momento.
Agora, ao que tudo indica, Gallardo acha que seu ciclo no River chegou ao fim. Ele continua a ser uma excelente opção para o Flamengo. Os dirigentes rubro-negros marcarão uma tremenda "touca" se não forem rapidamente atrás dele, para dirigir o melhor elenco do continente na temporada de 2021.
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