Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Síndrome do arame liso vai do profissional à base do Flamengo
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Como já aconteceu tantas vezes com o time profissional, antes e depois da passagem de Jorge Jesus (o período do português foi a exceção que confirma a regra dos últimos anos), o Flamengo dominou o jogo, empurrou o adversário para o seu próprio campo e esbanjou posse de bola, mas foi incapaz de balançar a rede. Vítima da velha máxima de quem não faz, leva, perdeu o Fla-Flu por 1 a 0, num chutaço de Igor Julião.
Tal qual a equipe dirigida por Rogério Ceni, o time da molecada, treinado por Maurício Souza, não tem nenhuma jogada de ataque bem ensaiada. É só toque pro lado e cruzamento alto sobre a área. Um deserto de ideias táticas. Se não houver um lance isolado, de brilho individual, o coletivo não resolve. Triangulações, tabelas, rotatividade no meio-campo e ataque, faltas e escanteios com cobranças planejadas nos treinamentos? Nada.
Nos meus tempos de repórter, assistíamos a todos os treinamentos e podíamos ver Cláudio Coutinho ensaiando o "overlapping", Telê parando e repetindo à exaustão os lances ofensivos de seus coletivos e Carlos Alberto Parreira importando o famoso treino alemão, que colocava três times em uma reduzida faixa do gramado para buscar aperfeiçoar o toque de bola e a marcação em curto espaço de campo.
Já há algum tempo, os CTs e os treinamentos fechados envolveram em mistério o trabalho dos técnicos. Desde então, o que se vê nas partidas é o que resta para analisar seus trabalhos. E o resultado está a anos-luz de empolgar. A mesmice e a pobreza tática e estratégica são desanimadoras.
Não à toa, os estrangeiros chegam aqui e quase sempre nos surpreendem. Jesus, então, foi um autêntico terremoto no nosso futebol, e seu patrício Abel Ferreira, ainda que nem tão revolucionário, já chegou ganhando uma Libertadores e uma Copa do Brasil (seus primeiros títulos na carreira!).
Mauricio Souza é mais do mesmo. Rogério Ceni, apesar do título brasileiro e da (boa) sacada de recuar William Arão e escalar Diego como volante, também precisa mostra bem mais. Por enquanto, a máxima do arame liso (cerca, cerca, mas não machuca) segue como uma maldição no clube de maior torcida do Brasil. Até quando?
Perda irreparável
A informação, trazida pelo ótimo repórter Pedro Henrique Torre, da ESPN, de que Arrascaeta está insatisfeito e pode trocar o Flamengo por um clube do Egito (!?!?), por 13 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões), é aterrorizante para a torcida rubro-negra.
Muito se tem falado na necessidade de o clube vender um titular importante para reequilibrar as finanças, abaladas pela pandemia, mas os nomes mais especulados até então eram os de Gérson e Éverton Ribeiro.
Embora considere o "Joker" o melhor jogador do meio-campo atual, com a recuperação de Thiago Maia e as improvisações de Arão e Diego sua saída seria menos sentida do que a de Arrascaeta. O mesmo se pode dizer da eventual transferência de Ribeiro, que abriria até a possibilidade de o ataque reunir Gabigol, Pedro e Bruno Henrique juntos.
Sem Arrascaeta, porém, o setor de armação do rubro-negro ficaria órfão do seu mais genial articulador. Pelo que se comenta, apesar do contrato vigente, o uruguaio está insatisfeito com o salário atual e exige um reajuste. Diante do fato de que o clube está com o pires na mão, desesperado para cortar custos e aumentar receitas, temo que Giorgian vá mesmo cantar em outra freguesia...
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