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Ceni comete erro grosseiro, mas atribui derrota a falhas dos jogadores
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Ouvir Rogério Ceni atribuir a derrota para o Vasco a falhas técnicas (ou seja, dos jogadores) irritou a maioria dos torcedores rubro-negros mais do que o inesperado revés em si. Afinal, embora seja indiscutível que o time inteiro rendeu bem abaixo do normal (e esperado), o maior equívoco do Flamengo na partida foi do próprio treinador que, para substituir um titular (Arrascaeta), trocou, do meio-campo para frente, todo mundo de posição.
Algo que, aliás, o próprio Ceni anunciou, antes de a bola rolar:
- João Gomes entra no lugar do Gérson, que avança um pouco e o Éverton Ribeiro assume as funções do Arrascaeta! - foram suas palavras à repórter da emissora responsável pela transmissão do jogo.
O resultado prático é que vários jogadores mudaram não somente de posição, mas também de função. Atuando mais à frente, Gérson passou a receber a bola de costas para o ataque (situação em que sempre cai de rendimento); Gabigol, por sua vez, teve que ocupar a faixa do ataque pela direita (para suprir o deslocamento de Éverton Ribeiro, que iniciou pela esquerda) e Bruno Henrique acabou fazendo as vezes de centroavante.
Em suma: mudou tudo, sem ter feito um treino sequer. Contrariando uma de suas máximas para, por exemplo, explicar a resistência em escalar juntos Pedro e Gabigol ("não treinamos assim, não dá pra usar no jogo", justificou-se, repetidas vezes). Filosofia que mandou às favas, ao saber, à tarde, que não poderia contar com Arrascaeta - supostamente com dores no tornozelo, mas sabidamente insatisfeito com sua atual situação salarial.
A formação que iniciou o clássico contra o Vasco jamais treinou dessa forma. Só podia dar no que deu. Um time confuso, incapaz de se impor a um adversário inferior tecnicamente, mas muito mais bem armado e com maior disposição para lutar pela vitória.
Substituir Arrascaeta, apesar da inegável perda de qualidade, nem era tão difícil assim. Poderia ter sido feito com os mesmos jogadores escolhidos por Ceni, sem fazer tamanha barafunda. Bastava colocar João Gomes de primeiro volante e Diego de armador. Os demais permaneceriam rigorosamente em suas posições. Ou ainda colocar Vitinho simplesmente no lugar do uruguaio - como já fora feito várias vezes, inclusive pelo próprio Rogério. Pra que inventar?
O treinador não admitiu (não admite nunca os seus erros), mas sabe que fez besteira. Tanto que, ainda no primeiro tempo, mandou Éverton Ribeiro retornar à direita e, no intervalo, tirou João Gomes para colocar Vitinho, retomando a formação tradicional.
Já era tarde. Com o Vasco entrincheirado e os jogadores do Flamengo em noite nada inspirada, o terceiro gol, de Morato, foi a pá de cal numa atuação desastrosa que começou nas "invenções" de seu técnico e terminou na covarde entrevista coletiva em que responsabilizou seus comandados por "falhas técnicas".
Em termos semânticos, quase acertou. A falha maior foi DO técnico. E isso é a maior preocupação da maior torcida do país, às vésperas da estreia na Libertadores. Time, o Flamengo tem de sobra para disputar o troféu como um dos favoritos. Mas se depender da visão de jogo e das escolhas de seu comandante, a coisa pode se complicar.
Em tempo: achar que Éverton Ribeiro, na péssima fase que atravessa há meses, poderia ser o substituto de Arrascaeta apenas reforça a tese de que Rogério Ceni tem grande dificuldade de ver e analisar corretamente o que se passa no campo.
.Luz no fim do túnel
Vasco mereceu a grande vitória que obteve, jogando com incrível determinação tática e disputando cada lance como se fosse o último de uma final de Copa do Mundo. Se continuar evoluindo e repetir esse nível de entrega e concentração na Série B são boas as possibilidades de retornar à elite do futebol brasileiro já em 2022. Parabéns ao técnico Marcelo Cabo e aos dirigentes do futebol que parecem ter acertado nas escolhas dos reforços, apesar das limitações de orçamento. Depois da contundente vitória no clássico, pode-se dizer que surgiu uma luz no fim do túnel.
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