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Renato Mauricio Prado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Impossível? Num piscar de olhos, Renato resgatou o futebol de 2019

01/08/2021 22h53Atualizada em 01/08/2021 22h54

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Seis jogos, seis vitórias, cinco recitais de bola. O primeiro tempo do Flamengo, na Neo Química Arena, talvez tenha sido a melhor exibição do time carioca sob o comando de Renato Gaúcho. Controle absoluto da partida, domínio completo do adversário. O Corinthians não jogou? O rubro-negro não o deixou jogar.

Houve quem reclamasse de que os corintianos nem sequer fizerem faltas, para tentar barrar as ações dos flamenguistas. E como as fariam se a cada vez que se aproximavam de quem estava com a bola, ela já não estava mais lá, numa troca de passes incessante e inclemente? Iam dar pontapés em quem já não tinha a pelota? Só se quisessem receber cartões vermelhos em série.

Desde que Jorge Jesus deixou o clube, após conquistar cinco títulos e sofrer apenas quatro derrotas em cerca de um ano, muita gente se apressou a dizer que a torcida rubro-negra deveria esquecer 2019, que aquele futebol mágico, envolvente e avassalador, jamais seria visto de novo. Ledo engano.

Se Domènec Torrent e Rogério Ceni (irredutíveis em suas próprias convicções) fracassaram em trazer de volta a magia dos tempos do português, Renato Gaúcho, ironicamente uma das maiores vítimas do português, foi capaz de resgatá-la num piscar de olhos.

Como? Na base da conversa, do entendimento de que já havia uma memória clara e forte daquela forma mágica de atuar, que sempre foi a preferida de todo o elenco. Parecia tão simples fazer isso. Mas só Portaluppi foi capaz da façanha. Palmas pra ele. De pé!

Renato pode não ser um estrategista fantástico. Decididamente, não é um estudioso. Mas como sabe das coisas do futebol. Como é capaz de devolver ao grupo, em geral, e a determinados jogadores, em particular, a confiança e, acima de tudo, o prazer de jogar futebol.

Na saída de campo, após a vitória sobre o Corinthians, o até pouco tempo tão contestado zagueiro Gustavo Henrique fez questão de ressaltar tais virtudes do seu novo treinador. Dias antes, Diego fizera o mesmo. E a observação de como o time voltou a jogar com alegria, com disposição redobrada, com tesão, evidencia a mudança radical do ambiente no clube.

Em 2019, quando Jesus conseguiu implantar sua forma revolucionária de atuar, o Flamengo ganhou praticamente tudo que disputou - a exceção foi o Mundial, perdido na prorrogação contra um Liverpool extraordinariamente forte e dominante (a eliminação na Copa do Brasil foi muito no início de seu trabalho).

Em 2021, sob o comando de Renato, o Flamengo volta a jogar um futebol de sonhos e tem chances reais de ganhar a Libertadores, a Copa do Brasil e o Brasileiro. Nesse último, precisará, entretanto, superar os absurdos desfalques por conta das eliminatórias sul-americanas, quando o campeonato deveria parar e, absurdamente, não para.

Em fase humilde, o Gaúcho ainda não disse. Mas eu digo: a verdade é que o time dele já pratica o melhor futebol do continente. Com sobras. Jogando assim, não perde pra ninguém.

Em tempo: como um bom gramado ajuda o Flamengo a jogar o seu melhor futebol! No tapete da Neo Química Arena, Filipe Luís, Diego, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabigol e Bruno Henrique puderam desfilar todo o talento que possuem, sem sofrer com buracos, montinhos artilheiros e que tais.

Já passou da hora de o Maracanã receber um gramado decente. Hibrido, como o do Corinthians, ou totalmente artificial, como o do Palmeiras.