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RMP: Retranca de Abel apagou brilho do ataque de Cuca
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Não sou fã do futebol reativo. Não curto muito times que entram em campo mais preocupados em não sofrer gols do que em marcá-los. Reconheço que há diversas formas de triunfar, inclusive aquelas que priorizam a destruição das jogadas do adversário em detrimento da construção de seus próprios lances ofensivos. Mas acho que esse tipo de jogo mais afasta do que encanta os torcedores. Isso posto, admito: Abel Ferreira engoliu Cuca nos 180 minutos da semifinal da Libertadores e merece disputar a sua segunda final da principal competição do continente.
O que houve com aquele Atlético Mineiro até então avassalador, capaz de meter medo em nove entre dez adversários no Brasil e, por que não dizer, na América do Sul? Onde foi parar Hulk, goleador implacável, força da natureza nos gramados e, na opinião de muitos (não na minha), o melhor jogador em atividade nos campos tupiniquins? E Nacho Fernandez, que alguns açodados se apressaram a considerar melhor que Arrascaeta?
Todos acabaram anulados pelo super ferrolho, autêntico "catenaccio" (jovens, consultem a wikipedia!) armado pelo português que dirige o Palmeiras. Uma retranca feroz que, nesse segundo jogo, incluía três zagueiros, numa última linha defensiva de cinco, por vezes seis ou sete defensores (incluídos os dois volantes) à frente da baliza defendida por Weverton.
Em dois momentos, o time de Cuca teve oportunidades de se colocar em significativa vantagem no confronto: no pênalti desperdiçado por Hulk, na primeira partida, e na chance perdida por Vargas, no segundo jogo, quando os mineiros venciam por 1 a 0. Se ao menos uma dessas chances tivesse sido convertida, talvez Abel estivesse agora eliminado e sendo duramente criticado pela pouca ambição ofensiva nos dois duelos. Mas não foram e a estratégia do português acabou vitoriosa e louvada por muitos.
Afinal, está a apenas um jogo do bicampeonato da Libertadores. Como se portará na final? Contra o Flamengo, na disputa da Supercopa do Brasil, no início deste ano, em Brasília, o Palmeiras foi capaz de jogar de igual para igual com o rubro-negro numa das melhores partidas de futebol da temporada (2 a 2, com vitória rubro-negra na decisão por pênaltis). Voltará a se portar assim se reencontrar o bicampeão brasileiro?
De lá pra cá, o português parece cada vez mais seduzido pelo jogo reativo. Tece loas a José Mourinho (o mais bem-sucedido técnico de Portugal, sabidamente, um ardoroso defensor das táticas defensivistas), chega ao Mineirão dizendo que "ataques ganham jogos, mas defesas vencem os campeonatos", cita o triunfo do PSG sobre o City, em duelo amplamente dominado pela equipe de Pep Guardiola, e por aí vai. Sempre deixando transparecer uma certa fúria com as críticas que recebe.
Após as grandes conquistas da temporada de 2020 (Libertadores e Copa do Brasil), o Palmeiras de Abel perdeu a chance de ir à final do Mundial Interclubes, a disputa de terceiro lugar, no mesmo torneio, a Recopa Sul-Americana, a Supercopa do Brasil, o Paulistinha, a Copa do Brasil e, no Brasileirão, já está a oito pontos do líder.
Sua salvação pode ser o bi da Libertadores. Senão conquistá-lo, o tal "vizinho" (conta outra, Abel) terá todo o direito de infernizá-lo...
O que é isso, companheiro?
Lançar Réver, nos minutos finais, na esperança de que o veteraníssimo zagueiro pudesse marcar, de cabeça, o gol salvador do Atlético Mineiro foi a pá de cal de uma noite desastrosa de Cuca, que simplesmente não soube conduzir o seu time à vitória diante de um adversário que só se defendeu. Que reflexos tal frustração pode causar na temporada atleticana, daqui pra frente?
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