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RMP: Paulo Sousa tira 10 na entrevista. Falta a nota de jogo
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Comecei a trabalhar como jornalista em 9 de fevereiro de 1976, quando fui admitido como estagiário no Jornal do Brasil. De lá pra cá, são quase 46 anos de profissão e, confesso, há muito tempo não via um treinador do futebol brasileiro dar uma entrevista coletiva tão interessante como a do português Paulo Souza, em sua estreia na sala de imprensa Victorino Chermont, no Ninho do Urubu.
Não fugiu de nenhuma pergunta e falou abertamente de táticas e estratégias, desmitificando siglas tipo 4-2-4, 4-3-3, 4-1-3-2 etc. ao explicar que seus times não se prendem a esquemas fixos, mas à forma de jogar propositiva, buscando controlar as ações em todas as partes do campo. O "perde e pressiona", ao que tudo indica, voltará com força.
Demonstrando conhecimento do elenco, classificou Bruno Henrique, Pedro e Gabigol como "fortes avançados" e disse que poderá até escalar os três juntos - dependendo do adversário e das circunstâncias dos jogos e dos campeonatos. O importante é marcar mais gols que o adversário, brincou.
Ressaltando que o elenco rubro-negro é ótimo, "um dos mais fortes do continente, senão o melhor", logo emendou: "Mas isso não é o suficiente. Temos que trabalhar mais que os outros". Puro suco de Bernardinho (do vôlei). Digno de aplausos. De pé!
Na mesma linha, Sousa deu outro aviso importante: jogador que estiver fora da partida, por suspensão ou qualquer outro motivo que não seja físico, vai trabalhar, treinando firme, no mesmo dia. A velha história de forçar terceiro cartão amarelo, ou vermelho, para ir a festas e que tais, acabou. Houve também um recado para os atletas que costumam se exceder fora das quatro linhas. O "treino individual" (tradução, postura na vida pessoal), ressaltou, também é fundamental.
Se minimizou a assustadora de contusões do Flamengo, no ano passado, ao citar a Covid (que nada teve a ver com a coleção de problemas musculares no último semestre da temporada), o treinador disse, um pouco mais adiante, que seus times sempre se caracterizam por poucas lesões, graças a um trabalho integrado da comissão técnica com o RH (Recursos Humanos). Ou seja, ele e seu estafe fiscalizarão tudo: departamento médico, fisioterapia etc. Exatamente como fazia Jorge Jesus.
Em mais uma demonstração inequívoca de como estudou bem o grupo (assistindo a inúmeros vídeos dos jogos do Flamengo), o técnico citou ainda a "mobilidade precária" da defesa rubro-negra (leia-se as dificuldades que a zaga tinha na marcação e nas tentativas de sair jogando). Será, com certeza, um de seus pontos de cuidado, desde o início.
Paulo falou ainda com carinho de Hugo, a quem pretende dar especial atenção nos treinamentos de saída de bola e elogiou Arrascaeta, sem especificar exatamente onde pretende utilizá-lo, principalmente, no dia em que juntar Bruno Henrique, Gabigol e Pedro no ataque.
Foi, em suma, uma entrevista para entusiasmar os rubro-negros. Na teoria, Paulo Souza começou tirando 10. Resta aguardar a sua nota na prática.
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