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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

RMP: Os ricos também sofrem

09/03/2022 22h54Atualizada em 09/03/2022 23h00

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Os tempos andam bicudos para o presidente do PSG, o bilionário catariano Nasser Al-Ghanim Al-Khelaifi, de 48 anos. Primeiro, teve a prisão decretada, pela Justiça da Suíça, por um acordo corrupto para que a belIN Media (empresa que também preside) ganhasse os direitos de transmissão das Copas de 2026 e 2030. Foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão. Cumprirá a pena? Provavelmente, não. Mas, com certeza, a decisão, proferida nessa quarta-feira, na comuna de Bellinzona, pela manhã, lhe causou (e ainda causará) dores de cabeça.

A enxaqueca, porém, deve ter sido maior, um pouco mais tarde, em Madrid, no Santiago Bernabeu, quando sua equipe estelar, capitaneada por um trio de ataque inigualável no futebol mundial (Mbappé, Messi e Neymar), foi eliminada nas quartas-de-final da Liga dos Campeões, pelo tradicionalíssimo, mas nos dias de hoje tecnicamente bem mais fraco, Real Madrid. Assim naufragou de novo o seu sonho dourado de conquistar a Europa e o Mundo com a bola nos pés.

Dono do Paris Saint Germain desde 2011, Al-Khelaifi assumiu com um plano de, em cinco temporadas, transformar o clube numa potência futebolística. A partir de 2013, conseguiu classificar o time para a Liga dos Campeões, mas, ano após ano, viu seu desejo se frustrar nas quartas-de-final. Diante do Barcelona, em 2013; do Chelsea, em 2014; do Barcelona, em 2015; do Manchester City, em 2016; novamente do Barcelona, em 2017; do Real Madrid, em 2018 e do Manchester United, em 2019.

Detalhe: a cada temporada reforçava a equipe. Ibrahimovic (2012), Cavani (2013), Di Maria (2015) vieram primeiro e, depois, Neymar (2018) e Mbappé (2019). Isso, para ficar apenas nas superestrelas do ataque. Chegou a fazer uma final (perdida para o Bayern de Munique, em 2020) e uma semifinal (eliminado pelo Manchester City, no ano passado).

O que faltava? Que tal o melhor jogador do planeta? Pois veio Lionel Messi. Qual outro trio poderia se comparar com o argentino, o brasileiro (Neymar) e o francês (Mbappé)? O que poderia dar errado? Tudo... Nem sequer uma vez, os três, juntos, conseguiram praticar o futebol de sonhos que o imenso talento individual de cada um sugeria.

Ainda assim o PSG foi melhor que o Real Madrid em três dos quatro tempos disputados nas duas partidas das quartas-de-final deste ano. Quando terminaram os primeiros 45 minutos do jogo da volta, no Bernabeu, com vitória por 1 a 0, com mais um gol de Mbapppé (disparado o melhor jogador do mundo, nos dias de hoje), parecia bem mais palpável uma goleada francesa, na etapa final, do que uma virada espanhola.

Aí, pesou a camisa. E com um Benzema em jornada de gala, o Real Madrid virou para 3 a 1 (três gols dele!) e o PSG, com seus supercraques inertes, acabou desclassificado inapelavelmente. E agora? Derrota pior está a caminho, com a possível transferência de seu maior craque, exatamente, para o algoz de agora. E o que fará Al-Khelaifi? Dinheiro não lhe falta. Muito pelo contrário. Mas isso será o bastante? Até agora, não. Que tal comprar o Chelsea, de Roman Abramovich? Ou uma SAF, no Brasil? Brincadeirinha...

E Neymar, qual será seu futuro? Apesar de alguns ótimos passes no Bernabeu (inclusive a assistência para o gol de Mbappé), não foi capaz de fazer a diferença na hora da onça beber água. Terá capacidade para fazê-lo, na Copa do Catar?

A dupla de goleadores nos dois jogos (Mbappé e Benzema) pode atuar junta, no Mundial, com a camisa da França. Tite deve estar sentindo calafrios...