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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flamengo de Dorival é Pedro mais dez

Renato Maurício Prado

24/07/2022 18h30Atualizada em 24/07/2022 18h33

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Pedro está triste. A mãe de Pedro chora, quando vê o filho na reserva. O Flamengo deveria ter liberado Pedro para os Jogos Olímpicos. Se eu fosse o Pedro me rebelaria e exigiria ser negociado para o Palmeiras. Pedro e Gabriel não podem jogar juntos. Pedro isso, Pedro aquilo, Pedro aquilo outro. Poucos jogadores motivaram tantas discussões nos debates esportivos, nos últimos tempos. A maioria acalorada e sem pé nem cabeça.

Pedro é rubro-negro desde criança. Mesmo quando jogava no Fluminense, nunca escondeu o desejo de um dia se transferir para o Flamengo e chegou a pedir ao presidente tricolor Mário Bittencourt, em 2019, que o negociasse, quando surgiu o interesse vindo da Gávea. Não foi atendido e acabou vendido para a Fiorentina. Sem se adaptar ao futebol italiano, pode enfim realizar o seu sonho, contratado que foi pelo Fla em 2020.

Aí começou a cantilena, numa versão moderna do Febeapá (Festival de Besteira que Assola o País), do saudoso Sérgio Porto, vulgo Stanislaw Ponte Preta. Como o Flamengo pode ter no elenco os dois melhores atacantes do Brasil? E mais, ter um deles na reserva, já que, à época, ainda com Jorge Jesus, os quatro "avançados", Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique eram intocáveis.

Ainda assim, com Jesus, Pedro foi bastante utilizado: ora ao lado de Gabriel, na ausência de Bruno Henrique, ora com Bruno Henrique, na ausência de Gabriel. Fez gols importantes na decisão da Recopa Sul-americana e na final contra o Fluminense, no Campeonato Carioca - ambos nos jogos de ida.

O Mister, porém, foi embora e começou a tal história de que Pedro e Gabigol não podiam jogar juntos. Assim pensavam Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e, por fim, o pior de todos, Paulo Sousa. Este último relegava-o de tal forma a um segundo plano que, sim, pela primeira vez, Pedro pensou em deixar o clube do coração.

Mas Sousa, finalmente, foi mandado embora e chegou Dorival Júnior. Que, com a contusão de Bruno Henrique, não hesitou em torna-lo titular, ao lado de Gabriel, formando a dupla que tantos treinadores e jornalistas cansaram-se de dizer que não daria certo.

O resultado está se vendo, jogo a jogo. Pedro desandou a fazer gols e a dar assistências e seu entrosamento com Arrascaeta e Gabigol melhora a olhos vistos. Não à toa, o Flamengo voltou a jogar bem, classificando-se na Copa do Brasil, com exibição de gala, contra o Atlético Mineiro, e escalando a tabela do Brasileiro - Paulo Sousa foi demitido na 14ª colocação e Dorival já está em 6º, após o triunfo de virada contra o Avaí, na Ressacada, o primeiro na história do confronto. Os gols? Foram de Pedro...

Claro, agora já começou o clamor por sua convocação. Falta apenas mais uma data Fifa, entre 19 e 27 de setembro, para um amistoso que deve ser contra o México e um jogo pelas já encerradas eliminatórias sul-americanas, aquele Brasil x Argentina interrompido pela Anvisa, porque alguns jogadores argentinos não estavam vacinados.

Se Tite ainda pensa na possibilidade de levar Pedro à Copa, deverá convocá-lo - a concorrência é pesada, com Matheus Cunha, Richarlison e Gabriel Jesus, mas Pedro é o único centroavante típico, que pode dar ao elenco uma opção diferente daquele ataque leve e de muita movimentação usado pelo treinador até agora.

Se isso acontecer, o Flamengo correrá o risco de perde-lo durante fases importantes do Brasileiro, da Copa do Brasil (que terá as finais em 12 e 19 de outubro) e da Libertadores (cuja final única será em 29 de outubro). Um problemão. Porque, do jeito que está jogando, a equipe de Dorival Júnior tem que ser Pedro e mais 10.