Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Um passe, um gênio, mais uma vaga para a semifinal da Libertadores
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O jogo foi o passe de Arrascaeta. Genial. Monstruoso. Pornográfico, diria o saudoso tricolor Nelson Rodrigues. Pedro foi quem empurrou, de carrinho, a bola para o fundo da rede, garantindo a vitória e carimbando a vaga para as semifinais da Libertadores (a terceira, em quatro anos).
Mas a bola rolada pelo uruguaio, de curva, rasteirinha, fugindo dos zagueiros e evitando o goleiro Cássio foi uma obra prima. Digna de aplausos de pé, como na ópera (uma vez mais, ave, Nelson!) e do fora de série que decidiu o confronto, com um golaço no primeiro jogo e uma assistência espetacular no segundo.
Houve quem torcesse o nariz para o desempenho do Flamengo, no triunfo sobre o Corinthians por apenas 1 a 0, alegando que os cariocas jogaram menos do que vinham jogando nos últimos jogos com Dorival Júnior. Baita tolice. O time rubro-negro jogou como deveria.
Mais cauteloso, para evitar que o rival marcasse um gol que poderia incendiar o confronto, e seguro o suficiente para evitar grandes oportunidades do adversário. E ganhou, novamente, por um placar que poderia ter sido mais dilatado, não fossem grandes defesas de Cássio, na etapa final.
Na única oportunidade real da equipe de Vítor Pereira, numa jogada em que Adson roubou uma bola de Thiago Maia, próximo à linha de fundo, e concluiu com endereço certo, no início da partida, brilhou o goleiro Santos (que diferença faz, voltar a ter um grande arqueiro), com uma grande defesa, de puro reflexo. E foi só.
David Luiz e Léo Pereira (quem diria!) passaram a formar uma dupla de zaga praticamente inexpugnável. Éverton Ribeiro teve atuação primorosa no primeiro tempo. Pedro voltou a se mostrar um pivô de incrível eficiência (dominando 80% dos passes longos que a ele são endereçados) e quase fez um golaço de bicicleta, além da bola que empurrou para a rede.
E Gabigol, mesmo parando nas defesas de Cássio e em bolas que acabaram passando rente à trave, também brilhou, com espírito de luta incansável. Ninguém jogou mal no Maracanã. Thiago Maia, João Gomes, Filipe Luís (no dia de seu aniversário de 37 anos) e Rodinei estiveram bem. O Flamengo fez o que precisava ser feito e, no agregado, ganhou por 3 a 0, placar até modesto diante das inúmeras boas oportunidades criadas nos dois jogos.
É admirável, sob todos os pontos de vista, o trabalho de Dorival Júnior até agora (com menos de dois meses à frente da equipe). Os "gatos gordos", os "acabados", os "medíocres" dos tempos de Paulo Sousa renasceram, como Fênix, das próprias cinzas. Por quê? Porque agora o grupo tem um treinador de verdade.
Não o medíocre português que praticamente jogou fora o Campeonato Brasileiro, com desempenho pavoroso nos primeiros 10 jogos. Se tivesse sido demitido, como deveria ter sido, ao final do Carioquinha, em que perdeu o tetracampeonato, o Flamengo poderia estar disputando, com grandes chances, os três títulos mais importantes do futebol brasileiro.
Dois (a Copa do Brasil e a Libertadores) estão bem ao alcance. O terceiro (o Brasileiro) vai depender de tropeços do Palmeiras. Mas impossível ainda não é. A conferir nas próximas três rodadas, que podem ser decisivas.
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