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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Apesar dos títulos, Dorival ainda é contestado por rubro-negros

Renato Maurício Prado

10/11/2022 17h24Atualizada em 10/11/2022 17h24

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Como os rubro-negros já sabem, no Flamengo não há meio-termo. É céu ou inferno. E neste excepcional ano de 2022 (o terceiro mais vitorioso de sua história, atrás apenas do inigualável 1981 e do fabuloso 2019), chega-se à inusitada situação de inferno no céu!

Sim, porque se a maior torcida do país chegou ao céu, com as conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores, já arrumou um inferno, com as decepcionantes atuações nos três jogos subsequentes ao título intercontinental - duas derrotas (para Corinthians e Coritiba) e um empate com o lanterna do campeonato (Juventude).

O resultado é que, por incrível que pareça, diante do indiscutível (e até inesperado) sucesso obtido por Dorival Júnior, o treinador vai começar a temporada de 2023 contestado por boa parte da torcida. E a má vontade não se deve apenas às três últimas rodadas, ainda que tenha sido turbinada por elas.

O nariz torcido de muitos rubro-negros começou com a política de poupar os titulares no Brasileiro para priorizar as disputas das Copas (estratégia inegavelmente bem-sucedida). Muita gente, porém, queria ter jogado todas as fichas nas três competições, como fez Renato Gaúcho, no ano passado - perdendo todas ao chegar, nos momentos decisivos, com o elenco estropiado por contusões e estafa.

O descontentamento, porém, não ficou por aí. O desempenho do time, nas finais da Copa do Brasil e da Libertadores, também gerou muitas críticas, apesar da conquista dos canecos. O segundo tempo da partida contra o Corinthians, no Maracanã (quando sofreu o empate e quase viu o troféu escapar, chegando a estar em desvantagem na decisão por pênaltis) e a atuação tímida, na final contra o Athletico (mesmo o adversário jogando com um a menos mais da metade do confronto) jogaram mais lenha na fogueira daqueles que defendem que Dorival não está à altura do elenco que comanda.

Tal onda de insatisfação aumentou com os fracos desempenhos e os maus resultados nas últimas três rodadas do Brasileiro. O descontentamento, entretanto, é apenas de parte dos torcedores. Com os dirigentes e os jogadores o prestígio do treinador é enorme e, com certeza, ele renovará seu contrato e dirigirá a equipe no Mundial (que ainda não tem data definida).

Mas bem mais preocupante que algumas más escolhas feitas por Dorival (que ainda tem crédito de sobra) me parece a questão de como é, uma vez mais, tratado de forma amadorística o departamento de futebol.

Vide a decisão de liberar a maioria dos titulares antes do término da temporada - e o maior exemplo foi dado por Gabigol, que anunciou o próprio descanso, ainda na zona mista, em Guayaquil, chegando a escalar Mateusão em seu lugar...

Quem teria moral para contrariar o herói de duas Libertadores? Marcos Braz? Bruno Spindel? Fabinho? Juan? O próprio Dorival? Imagina... E na mesma toada, entraram em "férias" David Luiz, Léo Pereira e outros.

Agora, diante da péssima repercussão dos três últimos jogos, Gabriel e outros titulares se dispuseram a jogar, na rodada derradeira, para participar da festa de despedida dos dois Diegos. O adversário, o Avaí, em pleno Maracanã, não parece capaz de opor resistência a uma vitória rubro-negra com muitos gols, para acalmar os ânimos.

Com as chegadas de Gérson (que nunca deveria ter saído), Rossi e outros dois ou três reforços, o Flamengo terá um elenco capaz de brigar, de fato, por todos os títulos em 2023. Resta saber se os seus comandantes terão pulso suficiente para gerenciar tantos "cobras" cheios de marra e vontades, após quatro anos nos quais ganharam dois Brasileiros, duas Libertadores, três Cariocas, uma Copa do Brasil, duas Supercopas do Brasil e uma Recopa Sul-Americana.

Dorival que se prepare. Porque como torcedor não consegue demitir dirigente, a bola da vez será sempre o treinador. A única solução é continuar vencendo...