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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sampaoli morrerá abraçado com David Luiz, Vidal e Marinho?

Jorge Sampaoli, técnico do Flamengo, durante clássico contra o Botafogo - Thiago Ribeiro/AGIF
Jorge Sampaoli, técnico do Flamengo, durante clássico contra o Botafogo Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL

30/04/2023 23h41

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Após a elogiável classificação na Copa do Brasil, Jorge Sampaoli errou tudo o que podia e um pouco mais, em seu segundo jogo pelo Brasileiro. A começar pela estapafúrdia escalação inicial, diante do Botafogo. Arturo Vidal, que voltou ao time, não tem mais condição de ser titular. Com ele, o Flamengo joga com um a menos. Sabe-se lá o porquê (talvez o passado, glorioso na seleção chilena) o treinador argentino insiste com o atualmente inútil chileno de moicano.

Mas não ficou por aí. Na ausência forçada de Gerson, a escolha por Ayrton Lucas mostrou-se outro erro piramidal (um jogador não tem rigorosamente nada a ver com o outro). E a insistência com uma linha de três zagueiros de origem, arrumando um lugar para David Luiz, mais um que não soma nada, ajudam a explicar a derrota por 3 a 2, diante de um adversário que jogou a maior parte do segundo tempo com um a menos.

Sim, Gabriel perdeu três chances claras para marcar - todas criadas por passes preciosos de Éverton Ribeiro, que só entrou no intervalo. Ele e Pedro, que também desperdiçou chance clara em passe de Ribeiro, poderiam ter mudado o panorama do confronto. Mas fato é que o Flamengo pareceu, durante os 90 minutos, um time de pelada. A ponto de, mesmo atuando com três zagueiros, levar um gol de cabeça e outro quando o rival já atuava com um a menos.

Desastroso na formação inicial, Sampaoli prosseguiu sua sanha de equívocos com a entrada de Marinho, aos 10 minutos de segundo tempo. Tal como David Luiz e Arturo Vidal, o ex-Rei da América em 2020, não acerta mais nem sequer uma jogada. Contra o Botafogo, não foi diferente. Se Sampaoli tiver um mínimo de discernimento, o trio precisa ser esquecido daqui pra frente.

É óbvio que jovens como Matheus França (outro que, como Éverton Ribeiro, entrou muito bem), Matheus Gonçalves, Victor Hugo e Igor Jesus precisam ser mais usados em detrimento dos veteraníssimos David, Vidal e Marinho, que já deram o que tinham que dar.

O mais preocupante para os rubro-negros, entretanto, é a insistência do treinador com o sistema de jogo posicional, que já não deu certo com Domènec Torrent, Paulo Sousa e Vitor Pereira. Linha de três, dois alas, os zagueiros atuando como armadores na saída de bola, cada um no seu quadrado e por aí vai... Como crer que dará certo agora?

Para finalizar, a joia da coroa: Santos, de goleiro linha, é uma piada de péssimo gosto. Ele não tem habilidade alguma com os pés (até com as mãos anda devendo) e, diante do Botafogo, chegou a aparecer nas imediações do círculo central! E somente não tomou o gol por cobertura porque Tiquinho Soares errou a pontaria...

Sampaoli tem dois jogos no Brasileiro e duas derrotas. Na próxima quinta-feira enfrenta o Racing, na Argentina, pela Libertadores. Se cometer erros tão crassos como os que cometeu diante do Botafogo pode complicar-se na principal competição do continente.

É, no mínimo, preocupante.

Olho no líder!

Luís Castro montou bem a estratégia para o clássico. Deu a bola para o Flamengo no início da partida e, recuado em seu próprio campo, encaixou a marcação, forçando o rubro-negro a transformar seus beques em armadores. Sampaoli caiu feito um patinho. E o Botafogo venceu, com grandes atuações do goleiro Lucas Perri, da dupla de zaga, formada por Adryelson e Victor Cuesta, do meio-campo com Tchê Tchê e Eduardo e do mortífero centroavante Tiquinho Soares. Três jogos, três vitórias e liderança isolada e merecidíssima.