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Baile do Cuiabá deixa Flamengo de orelhas em pé antes de pegar o Olímpia

O Flamengo de Jorge Sampaoli é lento, previsível, fraquíssimo na defesa (nunca na história recente do rubro-negro um time cedeu tantas finalizações aos adversários) e insípido e inodoro no meio-campo e no ataque. Na maioria das vezes, ganha graças a lances individuais de seus melhores jogadores, inclusive em partidas nas quais é superado ou neutralizado pelos rivais - vide os triunfos recentes contra o Atlético Mineiro e o Olímpia.

Após mais de 100 dias de trabalho do argentino, não há boas notícias vindas do Ninho do Urubu, onde o ambiente entre os atletas e a comissão técnica, notadamente o treinador, é frio, distante e não há diálogo - característica típica de Sampaoli, por todos os clubes e seleções (a chilena e a argentina) pelos quais passou. O murro desferido pelo boçal preparador físico Pablo Fernandez em Pedro foi apenas a ponta do iceberg. E o Titanic vermelho e preto segue à deriva, sem comando num departamento de futebol incapaz de perceber e agir antes que o lamentável episódio acontecesse.

A derrota vexaminosa contra o Cuiabá voltou a mostrar todas as deficiências do trabalho do argentino que, insisto, muitas vezes são disfarçadas pelo talento individual de seus melhores jogadores. A equipe que mandou a campo era a sua cara; a cara do jogo que ele defende e pratica: dois pontas abertos e atarraxados às linhas laterais (Luís Araújo e Cebolinha), um solitário atacante perdido no meio da área (Pedro) e um meio-campo "pegador" (Thiago Maia e Victor Hugo) com um armador chegando ao ataque (Gérson). Na zaga, uma linha de quatro, fazendo a saída de bola de três, com alguma liberdade para um dos laterais (Ayrton Lucas mais solto e Varella mais preso).

Nada, rigorosamente nada, funcionou. E, por favor, que não me venham falar da qualidade do time que foi a campo. Claro que as ausências de Arrascaeta, Éverton Ribeiro, Gabriel e Bruno Henrique contribuíram para o mau desempenho. Mas, do goleiro ao ponta-esquerda, a equipe rubro-negra era tecnicamente muito mais qualificada que a do Cuiabá, que a massacrou. A diferença? Uma é bem treinada, por Antônio Oliveira; a outra se mostrou perdida e incapaz de geral algo positivo dentro do esquema em que foi montada.

Jorge Sampaoli é um caótico enganador. Um técnico que nem em seu próprio país é levado a sério, depois da Copa ridícula que fez no comando do grupo que, quatro anos depois, sob a batuta do inexperiente Lionel Scaloni permitiu a Messi levantar o tao ambicionado e merecido troféu. Tal como faz agora no Flamengo, no Mundial de 2018, foi incapaz de montar um time e um esquema decentes na talentosa Argentina e brigou com praticamente todos os jogadores.

Os rubro-negros que enxergam um minimo do que acontece no campo, sabem que a interrompida séria de oito jogos sem perder, não significou nada. Pouquissimas foram as vezes em que o time venceu e convenceu - sempre na base dos talentos individuais. As poucas jogadas ensaiadas (como os gols e as assistências de Bruno Henrique e Gabigol) remontam a 2019. Não há nem sequer uma jogada ensaiada por Sampaoli.

Ao ser atropelado pelo Cuiabá, o Flamengo desperdiçou chance de ouro para diminuir de 12 para 10 pontos a distãncia que o separa do líder Botafogo, que empatou com o Cruzeiro. Após o desastre, manteve-se em segundo lugar, mas agora a 13 pontos da ponta. Vamos falar francamente? O Brasileiro já era. E, com esse futebolzinho mequetrefe a Libertadores também está seriamente ameçada. O jogo contra o Olímpia, no Defensores Del Chaco, que poderia ser protocolar, caso o rubro-negro tivesse feito o dever de casa, no Maracanã, tende a ser dificílimo, Se o talento individual não resolver, adeus,,,

Em tempo: querem um exemplo bem claro de como Sampaoli é obtuso e teimoso? No primeiro tempo da partida no Maracanã, contra os paraguaios, o ataque rubro-negro, com Bruno Henrique atarraxado na ponta-esquerda, praticamente não criou nada. Após o intervalo, o treinador permitiu que ele fosse se juntar a Gabriel, no comando do ataque, e colocou Gerson pelo lado esquerdo do campo. Aí saiu o gol da vitória, na jogadinha ensaiada que a dupla tem desde os gloriosos tempos de Jorge Jesus. Pois em Cuiabá, quando Bruno Henrique finalmente entrou (atrasado, pois deveria ter sido lançado no intervalo), onde foi escalado por Sampaoli? De novo, atarraxado na esquerda..

Todos aos botes...

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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